Em um movimento que promete moldar o futuro da cooperação global, os líderes do G20 aprovaram uma declaração conjunta na noite desta segunda-feira (18). O documento, amplamente negociado, aborda desde conflitos geopolíticos até iniciativas para a redução da desigualdade e o combate às mudanças climáticas.
O encontro, marcado por tensões e diferenças ideológicas, alcançou consenso ao incluir temas controversos como a taxação dos ultrarricos, regulamentação da inteligência artificial (IA) e reformas estruturais em instituições globais.
A declaração estruturou suas diretrizes em torno de três pilares:
1. Combate à Fome e à Pobreza: Lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, focada em programas de transferência de renda, alimentação escolar e acesso ao microcrédito.
2. Sustentabilidade e Mudanças Climáticas: Compromissos com emissões líquidas zero até meados do século e maior investimento em energias renováveis.
3. Reforma da Governança Global: A inclusão da União Africana no G20 e propostas para um Conselho de Segurança da ONU mais representativo reforçam a busca por uma ordem internacional mais inclusiva.
A declaração condenou os ataques a civis e infraestruturas em zonas de conflito, destacando os impactos humanitários das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. No caso ucraniano, o texto mencionou explicitamente os efeitos da guerra na segurança alimentar e energética global.
O G20 também reafirmou a necessidade de uma solução de dois Estados para o conflito Israel-Palestina, propondo uma abordagem diplomática para a paz.
Em um gesto que pode redefinir políticas fiscais globais, o G20 defendeu a taxação de "indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto". A proposta inclui a troca de boas práticas internacionais, combate à evasão fiscal e a criação de sistemas tributários progressivos para financiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Preocupações com os riscos da inteligência artificial foram amplamente discutidas. O G20 propôs regulamentações éticas e transparentes para IA, com foco na proteção à privacidade, combate à desinformação e promoção de inclusão digital. A cúpula defendeu o uso responsável da tecnologia em áreas como saúde e educação.
O grupo reafirmou o compromisso com a proteção da biodiversidade, buscando reverter a degradação florestal até 2030. Financiamentos inovadores, como o Fundo Tropical Forever Facility, foram destacados como essenciais para a conservação de ecossistemas.
A modernização da Organização Mundial do Comércio (OMC) foi enfatizada como um passo crucial para garantir um sistema comercial mais justo e inclusivo. O G20 defendeu a criação de um mecanismo de solução de disputas acessível e eficiente para todos os países membros.
Apesar das diferenças entre os participantes, o documento reflete um compromisso comum. Até mesmo o presidente argentino, Javier Milei, inicialmente reticente, aderiu à declaração. A cúpula ainda definiu o lema para 2024: *"Construindo um mundo justo e um planeta sustentável"*.
Com medidas ousadas e uma visão ampla, a Declaração de Líderes do G20 sinaliza a busca por um mundo mais pacífico, inclusivo e sustentável. Agora, resta aos países implementarem as promessas feitas neste marco da diplomacia internacional.