Um levantamento recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que três dos principais destinos turísticos do Rio de Janeiro estão entre as cidades com maior proporção de moradores em favelas: Angra dos Reis, Arraial do Cabo e Teresópolis. Os dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira, destacam a expansão das áreas de comunidade fora da capital, que perdeu 43 mil habitantes em regiões favelizadas nos últimos dez anos.
A crise econômica, agravada pela queda nos preços do petróleo ao longo da última década, impactou significativamente o Rio de Janeiro, gerando endividamento e reduzindo o investimento em políticas de habitação. Segundo o Censo, isso teria contribuído para o aumento de moradores em favelas, principalmente em cidades fora da capital, que historicamente sempre enfrentaram falta de infraestrutura habitacional.
Enquanto a cidade do Rio continua com o maior número absoluto de favelas, somando 813 comunidades onde residem cerca de 1,3 milhão de pessoas, outras regiões apresentaram uma proporção mais elevada de população vivendo em áreas de ocupação irregular. Em Angra dos Reis, por exemplo, 42% da população reside em comunidades; Teresópolis registra 31% e Arraial do Cabo também aparece com uma alta concentração de moradores em favelas.
Na última década, Angra dos Reis e Teresópolis enfrentaram episódios graves de desastres naturais, com chuvas e deslizamentos que afetaram duramente as áreas mais vulneráveis. Essa situação destaca a fragilidade dessas localidades em relação ao desenvolvimento urbano e à implementação de políticas habitacionais efetivas.
O Censo 2022 também apontou um aumento expressivo no número de cidades com áreas de favela. Enquanto em 2010 foram registradas comunidades em 42 municípios do estado, o levantamento atual mostra a presença de favelas em 53 cidades, com um acréscimo de 118 mil moradores nessas áreas. Além dos grandes centros, o fenômeno da favelização expandiu-se para localidades como Resende, Saquarema e São João da Barra.
Jaison Cervi, gerente de Pesquisas e Classificações Territoriais do IBGE, observou que a melhoria na metodologia de coleta de dados contribuiu para identificar novas comunidades no Censo de 2022. "Em 2010, realizamos o melhor levantamento possível das favelas e áreas urbanas, mas aprimoramos nossos métodos de identificação e mapeamento em 2022," explica Cervi.
Os números atualizados colocam em evidência os desafios de planejamento urbano e de políticas habitacionais que o Rio de Janeiro e outros municípios fluminenses precisam enfrentar para garantir infraestrutura e condições dignas de moradia.