Robert F. Kennedy Jr., conhecido por posições antivacina, é nomeado secretário de Saúde por Trump

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira (14) a escolha de Robert F. Kennedy Jr. como o próximo secretário de Saúde e Serviços Humanos. Kennedy Jr., sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy e filho do ex-senador Robert F. Kennedy, é amplamente conhecido por suas visões antivacina e por apoiar teorias da conspiração, especialmente em questões de saúde pública. Aos 70 anos, o advogado e ativista ambiental assume um papel central em uma área em que suas ideias causam polêmica.

A nomeação ocorre apenas dois meses após Kennedy Jr. desistir de sua candidatura independente à presidência para declarar apoio a Trump, numa jogada inesperada. Kennedy Jr. tem um histórico controverso: durante a pandemia de Covid-19, ele se tornou uma das vozes mais influentes contra a vacinação obrigatória, alegando que certos imunizantes causavam autismo, uma teoria que já foi amplamente desmentida por estudos científicos. No entanto, Trump tem sinalizado abertura a algumas de suas propostas, incluindo restrições ao uso de flúor na água e uma reavaliação de vacinas.

Ao comentar sobre a escolha, Trump destacou que espera que Kennedy Jr. lidere uma reforma profunda nas agências de saúde e pesquisa dos EUA. Segundo o presidente eleito, o novo secretário terá como missão restaurar a transparência nas pesquisas científicas e enfrentar o que ele chamou de "crise de saúde crônica" no país, incluindo doenças como obesidade e diabetes. Trump também criticou as indústrias farmacêutica e de alimentos por supostamente envolverem-se em desinformação e prejudicarem a saúde pública.

"O Departamento de Saúde será fundamental para proteger a população de produtos químicos nocivos, poluentes e aditivos alimentares prejudiciais que têm impactado nossa saúde", declarou Trump em uma rede social, acenando para a abordagem ambiental de Kennedy Jr., que ganhou destaque por defender a limpeza de rios e o combate à poluição.

Kennedy Jr., co-fundador de um escritório de advocacia ambiental, é elogiado por suas campanhas de proteção da água potável, incluindo a limpeza do Rio Hudson em Nova York. Entretanto, suas opiniões antivacina geraram forte desaprovação, inclusive dentro da própria família Kennedy. Em 2019, três parentes escreveram um artigo criticando suas posições sobre vacinas, alertando para os riscos de desinformação. Suas atividades antivacina resultaram na remoção de suas contas em redes sociais como Instagram e Facebook, devido à propagação de informações falsas. No mesmo ano, seu grupo Children"s Health Defense também teve suas contas excluídas por violação de diretrizes contra desinformação.

A decisão de Kennedy Jr. de apoiar Trump foi motivada, segundo ele, por questões como a guerra na Ucrânia e o que chamou de "guerra pelas crianças", que, em sua visão, exigem medidas mais rígidas que ele acredita serem melhor abordadas por Trump do que pelo Partido Democrata.

A nomeação gera expectativa e inquietação, principalmente entre especialistas em saúde e familiares do futuro secretário, que temem que as visões de Kennedy Jr. possam impactar negativamente políticas de saúde pública. A posse trará à tona debates sobre a independência e o papel das agências de saúde no país, já que Kennedy Jr. também expressou o desejo de revisar a Food and Drug Administration (FDA) e regular de forma mais rígida a composição de alimentos e medicamentos, com a promessa de uma reforma ampla e polêmica no setor.