Uma reviravolta chocante no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco surgiu recentemente com informações de uma delação premiada feita pelo PM reformado Ronnie Lessa. Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que tiraram a vida de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes, teria incriminado o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, como um dos mandantes do brutal homicídio.
De acordo com o site The Intercept Brasil, que teve acesso às informações da delação, o teor do depoimento de Ronnie Lessa aponta Domingos Brazão como um dos responsáveis pela encomenda do assassinato de Marielle Franco. O acordo de delação está em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), indicando que o mandante do crime goza de foro especial por prerrogativa de função, comumente conhecido como foro privilegiado.
Domingos Brazão, que já é réu em uma ação penal no STJ pelos crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro, estava buscando anular provas contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, Brazão tentava derrubar evidências colhidas durante as investigações, alegando irregularidades.
A suposta motivação por trás do crime, conforme apontado pelo The Intercept Brasil, seria uma vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo PSol e atual presidente da Embratur. Brazão e Freixo tiveram desavenças sérias durante o tempo em que Freixo era deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde Marielle Franco também trabalhou por 10 anos antes de ser eleita vereadora em 2016.
Domingos Brazão foi citado no relatório final da CPI das Milícias em 2008, presidida por Freixo, como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras. O site destaca que procurou o advogado Márcio Palma, representante de Brazão, que afirmou não ter conhecimento dessa informação, acrescentando que tudo que sabe sobre o caso é do que acompanha pela imprensa, pois o acesso aos autos foi negado com a justificativa de que Brazão não era investigado.
Em entrevistas anteriores, Domingos Brazão sempre negou qualquer participação no crime. Ronnie Lessa, atualmente cumprindo pena no presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Rio de Janeiro, pela ocultação das armas utilizadas no crime, torna-se mais uma peça crucial nesse complexo quebra-cabeça, revelando detalhes que prometem redefinir a investigação do assassinato de Marielle Franco. O também ex-policial militar Élcio de Queiroz, já preso por participação no crime, teria incriminado Brazão em depoimento à Polícia Federal em julho do ano passado. O desenrolar dessas revelações adiciona uma camada de complexidade ao caso que ainda intriga o Brasil.