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Jornada Reduzida

Brasileiros na Islândia destacam benefícios de jornada de trabalho reduzida: "Parei de só ver a vida passar"

Com semanas de apenas 36 horas, trabalhadores relatam aumento na qualidade de vida e equilíbrio entre vida pessoal e profissional no país nórdico


Pietro Pirani, que vive com a família na Islândia, costuma ver a aurora boreal em frente ao trabalho ? Foto: Pietro Pirani/Divulgação

Na Islândia, um dos países mais avançados em políticas de bem-estar trabalhista, a jornada de trabalho reduzida se tornou realidade para grande parte da população. Desde 2015, quando o país começou a testar a redução de horas semanais sem cortes salariais, os resultados têm sido considerados um marco para o futuro do trabalho.

Hoje, cerca de 86% dos trabalhadores islandeses, tanto do setor público quanto do privado, seguem uma carga horária de até 36 horas por semana, segundo estudo do instituto britânico The Autonomy. A produtividade manteve-se estável ou até melhorou em muitos setores, enquanto o bem-estar dos trabalhadores aumentou significativamente, com menos estresse e mais tempo para atividades pessoais.

Essa experiência de vida transformadora é confirmada por brasileiros que residem na Islândia. Pietro Pirani, que trabalha em uma agência de publicidade no país, celebra a possibilidade de aproveitar mais os dias úteis. "No Brasil, eu via a vida passando durante a semana e, no fim de semana, tinha que escolher entre descansar ou fazer algo. Aqui, consigo fazer coisas mesmo durante a semana, depois do trabalho. Eu parei de só ver a vida passar", relata Pietro, que vive no país há dois anos.

A flexibilização permite diferentes formatos de jornada, como semanas com quatro dias e horários reduzidos na sexta-feira ou a distribuição de pouco mais de sete horas por dia ao longo da semana. Essa abordagem garante maior liberdade para os trabalhadores organizarem suas rotinas.

Miriam Guerra Massom, outra brasileira, vive há 21 anos na Islândia e participou do experimento pioneiro enquanto trabalhava no Departamento de Imigração. Ela recorda as mudanças no ambiente profissional. "O serviço diminuiu de 40 para 36 horas por semana. Na sexta-feira, o atendimento ao público passou a fechar mais cedo. Em outros setores, não era algo rígido, nós decidíamos com antecedência quando sair mais cedo", explica.

O projeto, inicialmente voltado ao setor público, logo inspirou negociações coletivas no setor privado, consolidando a jornada reduzida como um direito para a maioria dos trabalhadores do país.

Além de melhorar a produtividade, a mudança ajudou a combater a sensação de exaustão generalizada. "A ideia de equilibrar melhor a vida pessoal e profissional é algo que realmente transformou a rotina aqui", reforça Pietro.

A jornada de 36 horas semanais da Islândia tem sido um exemplo global de como priorizar o bem-estar do trabalhador pode trazer benefícios tanto para os indivíduos quanto para a economia.



*Com informações do G1

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