O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), minimizou nesta terça-feira (3), em entrevista ao programa Estúdio i, a violência no Estado. Ele usou como referência dados do Anuário de Segurança, que traz o ranking das cidades mais violentas do Brasil.
Pelo documento, o estado é líder em tentativa de feminicídios e o segundo em casos de estupro; mortes de policiais; e mortes decorrentes de intervenção policial.
"Primeiro lugar é só olhar o Anuário da Segurança que você vai ver que o Rio de Janeiro é longe de ser o lugar mais violento. Você tem o Ceará e a Bahia. Ds 20 cidades mais violentas só 2 são do RJ. Se eu não me engano, Queimados e Itaguaí, que nem sequer é a capital, que se fala tanto", disse.
Castro falou ainda que a capital tem "fama" de violenta e que isso "vende likes, vende notícias", mas, segundo ele, não existe território dominado pelo crime.
"Infelizmente o Rio de Janeiro passa por uma fama e isso vem de likes, vem de notícias, e isso é extremamente divulgado. Ninguém, estado nenhum, cidade nenhuma, é tão esvicerado em seus problemas como o Rio de Janeiro é."
"É óbvio que tem problemas, mas eu não tenho dúvida que não é assim", completou o governador.
O governador citou ainda que a violência na capital está no mesmo patamar de outras cidades turísticas, como Paris, Roma e Nova Iorque.
"É só você fazer o recorte turístico. Pega o ISP [Instituto de Segurança Pública], os dados são públicos, e faça o recorte turístico. Você vai ver que é compat[ivel com cidades como Paris, Roma e NY. Não existe essa questão que o RJ é completamente dominado, mas eu concordo que isso é uma falha nos dados."
Em setembro, uma reportagem no Fantástico mostrou o treinamento tático de criminosos no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.
A investigação da Polícia Civil, que durou dois anos, reúne imagens de bandidos fortemente armados recebendo treinamento em vários momentos do dia, inclusive à noite com simulação de uso de bombas.
Apesar da crise na segurança, o governador disse que a Secretaria de Segurança Pública, extinta em janeiro de 2019 pelo então governador Wilson Witzel em meio a intervenção federal na Segurança Pública, "não faz a menor falta."
"Tanto é que os números sem ela [Secretaria de Segurança Pública] são muito melhores do que quando ela existia", disse.
Mil agentes contra a violência no RJ
O governador disse ainda que mil agentes das polícias Militar e Civil vão participar da ação conjunta com as forças federais de segurança. Ele também destacou o uso da tecnologia e de investigação no combate ao crime organizado.
"Estamos estruturando uma ação conjunta e efetiva, com muita inteligência, tecnologia e investigação para que a gente possa livrar a nossa população desses bandidos."
"Ficou decidido que as forças federais trabalharão em apoio às forças estaduais. (...) Só aqui do estado, são mil agentes das polícias, 12 blindados, 50 viaturas, 3 aeronaves, drones com sistema de inteligência artificial e reconhecimento facial e de placas, unidades de demolição da PM para retirada de barricadas e mais 5 ambulâncias, além do Bope, Core à disposição e todas as forças."
Castro se reuniu nesta segunda com o ministro da Justiça, Flávio Dino, para traçar estratégias contra o tráfico da Maré. O ministro disponibilizou 570 agentes – 300 da Força Nacional e 270 da Polícia Rodoviária Federal -, 50 viaturas e 22 blindados.
O ministro também anunciou que há R$ 95 milhões destinados para presídios de segurança máxima no estado do Rio.
Na manhã desta terça, o governador se reuniu, em Brasília, com o ministro da Fazenda Fernando Haddad para pedir a renegociação da dívida do RJ com a União. Pelo acordo do Regime de Recuperação Fiscal, o Estado do Rio de Janeiro deve mais de R$ 151 bilhões ao Governo Federal.
O estado teve as contas impactadas no segundo semestre de 2022, devido à alteração da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de combustíveis, energia e telecomunicações, por conta de leis federais. Além disso, o valor da dívida que será pago neste ano é de R$ 4,7 bilhões, podendo ser de até R$ 8,6 bilhões em 2024.
g1