Plano para assassinato de Lula, Alckmin e Moraes expõe gravidade de trama golpista

Investigação revela detalhes estarrecedores de conspiração envolvendo militares, plano impresso no Planalto e envenenamento como método de execução

Por Redação RL em Foco em 19/11/2024 às 12:01:06
Lula, Alckmin e Moraes: Militares investigados pela PF planejavam executar as autoridades ( Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Lula, Alckmin e Moraes: Militares investigados pela PF planejavam executar as autoridades ( Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

A Polícia Federal revelou nesta terça-feira (19), detalhes chocantes de um plano arquitetado para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Denominada "Punhal verde-amarelo", a conspiração envolvia militares e um agente federal que atuavam para "neutralizar" a liderança democrática brasileira e instalar um regime autoritário. As investigações apontam que o plano foi até mesmo impresso dentro do Palácio do Planalto em 2022, reforçando a gravidade das intenções golpistas.

Detalhamento do plano e prisão dos envolvidos

As autoridades desarticularam a conspiração com a prisão de cinco suspeitos, incluindo o general da reserva de brigada Mário Fernandes, dois tenentes-coronéis e um policial federal. Os alvos foram capturados no Rio de Janeiro enquanto participavam da segurança do G20. Além das prisões, três mandados de busca e apreensão foram cumpridos, acompanhados de 15 medidas cautelares, como a proibição de deixar o país e a entrega de passaportes.

Os crimes investigados incluem abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa. Segundo a decisão de Alexandre de Moraes, os elementos apurados demonstram o "elevado grau de periculosidade dos envolvidos" e confirmam a intenção de realizar sequestros e assassinatos para desestabilizar o governo eleito em 2022.

Reuniões e planejamento dentro do Palácio do Planalto

Um dos elementos mais perturbadores revelados pela PF foi a impressão do "plano operacional" dentro do Palácio do Planalto, em novembro de 2022. Documentos indicam que Mário Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, utilizou as instalações do gabinete para materializar o planejamento do atentado. Na mesma época, o ex-presidente Jair Bolsonaro e Mauro Cid, seu ajudante de ordens, estavam no local.

Além disso, uma reunião realizada na casa do general Walter Braga Neto, ex-candidato a vice-presidente na chapa derrotada nas eleições, foi fundamental para o início das ações. Após o encontro, os conspiradores começaram a monitorar os alvos e discutiram a logística da operação, estimada em R$ 100 mil.

Métodos de execução e codinomes

Entre os métodos considerados para assassinar Lula, os suspeitos sugeriram o uso de envenenamento ou produtos químicos capazes de provocar colapso orgânico, explorando a vulnerabilidade de saúde do presidente. Codinomes como "Jeca" e "Joca" eram usados para se referir a Lula e Alckmin, enquanto "Juca" designava uma terceira figura que ainda não foi identificada.

No caso de Alexandre de Moraes, o grupo chegou a se posicionar em Brasília, trocando mensagens criptografadas em aplicativos como Signal. As conversas revelam que os suspeitos estavam prontos para realizar o sequestro e posterior execução do ministro.

Estratégias de ocultação e arsenal bélico

Para dificultar o rastreamento das atividades, os conspiradores usaram linhas telefônicas habilitadas em nomes de terceiros e criptografia avançada. Além disso, o general Mário Fernandes detalhou o uso de armamento pesado, incluindo metralhadoras M249 e granadas de fragmentação, justificando "danos colaterais aceitáveis" como mortes de civis e membros de suas próprias equipes.

Proposta de "Gabinete Institucional de Gestão da Crise

Outro documento apreendido pela PF sugere que os golpistas planejavam criar um gabinete liderado por Augusto Heleno, ex-chefe do GSI, e coordenado por Braga Neto para "gerenciar a crise institucional" após a execução do plano. Esse grupo assumiria as rédeas do poder, implementando diretrizes que consolidariam o golpe.

Impactos e desdobramentos políticos

A revelação desse plano levanta questões graves sobre a infiltração de elementos golpistas nas instituições democráticas e sobre as consequências de discursos que legitimam a violência política. As investigações indicam uma conexão entre os conspiradores e o governo anterior, evidenciando a extensão dos atos golpistas planejados.

A Polícia Federal segue aprofundando as investigações, e o caso já provoca reações contundentes no cenário político, reforçando a importância de vigilância e proteção à democracia brasileira.

Comunicar erro

Comentários