O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou 13 pessoas por envolvimento na morte de João Vinícius Ferreira Simões, de 25 anos, que sofreu uma descarga elétrica ao encostar em um food truck durante o festival de música I Wanna Be Tour, realizado no Riocentro, Zona Oeste do Rio de Janeiro, em março deste ano. Entre os denunciados estão coordenadores e supervisores do evento, eletricistas, engenheiros, gestores e responsáveis técnicos, todos acusados de homicídio com dolo eventual e fraude processual. O MP também solicitou a prisão preventiva dos envolvidos.
De acordo com a denúncia, o Ministério Público alega que houve negligência grave com a segurança elétrica das instalações, o que teria levado à tragédia. Laudos periciais indicaram que as condições de segurança eram inadequadas, com fios desencapados e submersos em áreas sem isolamento, expondo os frequentadores do evento a riscos. A promotoria argumenta que a prisão preventiva dos acusados é necessária devido à gravidade do crime, ao risco para a ordem pública e ao potencial de obstrução das investigações.
A Polícia Civil, responsável pela investigação, já havia indiciado os envolvidos em abril. A delegada Eláine Rosa, titular da 42ª DP (Recreio), declarou que a investigação revelou falhas graves na estrutura do evento e que o cenário do acidente foi alterado após o ocorrido, dificultando o trabalho da perícia. Segundo o promotor José Luiz Acatauassú Bittencourt, alguns dos denunciados teriam manipulado o local do acidente ao desmontar estruturas, o que caracteriza tentativa de obstrução da justiça e reforça a necessidade de prisão.
No dia da tragédia, uma forte chuva atingiu o evento, e João Vinícius sofreu a descarga elétrica ao tocar no food truck. A mãe do jovem, que chegou ao local pouco depois do acidente, registrou em fotos a ausência de isolamento nas instalações. Horas após o incidente, a estrutura do evento foi desmontada, e os food trucks, retirados, o que motivou a acusação de fraude processual.
A empresa 30e, organizadora do festival, foi responsabilizada pela segurança e pela infraestrutura do evento. Em nota, o Riocentro, local onde ocorreu o festival, declarou que apenas cedeu o espaço e que não se responsabilizava pelas instalações elétricas ou segurança do evento, alegando que tudo estava a cargo da produtora 30e.
O g1 solicitou um posicionamento da 30e, mas ainda não obteve resposta. Os donos do food truck, segundo a polícia, não foram indiciados, pois perícias indicaram que as instalações elétricas do veículo estavam em conformidade.