Na noite de sexta-feira (25), na TV Globo, o último debate entre Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo, e Guilherme Boulos (PSOL) revelou um cenário de acusações e divergências sobre temas cruciais, como segurança pública, saúde, privatizações e moradia. O encontro, mediado pelo jornalista César Tralli, a apenas dois dias da eleição, intensificou as trocas de acusações sobre corrupção e gestão.
Com a liberdade de movimentação pelo cenário, os candidatos discutiram diante de um mapa da cidade, destacando problemas específicos de cada região. No formato de "banco de minutos," o debate foi dividido em quatro blocos, com blocos temáticos e momentos de tema livre. Nunes, concorrendo à reeleição, entrou com nove pedidos de resposta, obtendo um deferimento, enquanto Boulos requisitou dois, com um aprovado.
Ricardo Nunes abriu o debate questionando Boulos sobre segurança, mencionando um projeto de lei que tratava do aumento de pena para criminosos, no qual Boulos não votou. Em sua resposta, o deputado explicou sua ausência por estar em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e voltou-se aos eleitores, criticando a gestão de Nunes e apontando as falhas que, em sua opinião, justificam a necessidade de uma mudança.
Boulos aproveitou para questionar o atual prefeito sobre o preço dos serviços funerários, tema ignorado por Nunes, que respondeu voltando ao tema da segurança e defendendo privatizações, citando o caso da Sabesp e a concessão de cemitérios. "A tabela de preço é de 2019, e todos que estão no CadÚnico têm acesso gratuito ou com 25% de desconto", argumentou Nunes.
Ao defender privatizações, Nunes citou o Anhembi e o Parque Ibirapuera como exemplos de sucesso, enquanto Boulos questionou sobre a segurança no Centro de São Paulo e se o prefeito deixaria seus filhos brincarem na Praça da Sé à noite. Em resposta, Nunes mostrou um vídeo com patrulhas da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana na região, garantindo que "a segurança tem melhorado e continuará sendo reforçada".
Sobre o tema de saúde, o confronto foi acalorado: Nunes afirmou que ampliou as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e elevou o orçamento da saúde para cerca de R$ 22 bilhões. Boulos rebateu apontando problemas de espera e falta de recursos e mencionou seu projeto de "Poupatempo da Saúde" como solução para melhorar o atendimento.
No segmento final, Boulos criticou a falta de novos Centros Educacionais Unificados (CEUs) na gestão de Nunes. O prefeito respondeu mencionando reformas em 58 CEUs existentes, enfatizando que novas unidades estão em licitação. Nunes também citou uma proposta de centro de atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista, enquanto Boulos prometeu criar cinco dessas unidades caso eleito.
A respeito de trabalho e geração de emprego, Boulos sugeriu maior formação para jovens nas periferias, enquanto Nunes questionou sobre o posicionamento do PSOL na Câmara Municipal, que votou contra a redução do ISS em áreas específicas. Boulos explicou que o voto contrário ocorreu após alterações no projeto original.
Em um direito de resposta, Nunes acusou Boulos de divulgar desinformação e defendeu suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município. Boulos, por sua vez, desafiou o prefeito a abrir seu sigilo bancário, levantando o tema da "Máfia das Creches" e destacando a importância da transparência.
Com este último debate, os eleitores de São Paulo têm agora uma visão mais ampla das visões e propostas de cada candidato. O embate reforçou o contraste entre os planos de gestão para a cidade, que poderá ser decidido nas urnas neste domingo.