O governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro, se pronunciou oficialmente nesta terça-feira (15/10) sobre a polêmica acusação feita pelo procurador-geral do país, Tarek Saab, contra o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela declarou que as afirmações de Saab são de cunho pessoal e não refletem a postura oficial do governo venezuelano.
A controvérsia surgiu no último domingo (13/10), quando Saab, durante uma entrevista ao canal estatal Globovisión, acusou Lula de ser "agente da CIA" — a agência de inteligência dos Estados Unidos — alegando que o presidente brasileiro teria sido "cooptado" pela agência durante o período em que esteve preso, entre 2018 e 2019. O procurador também insinuou que Lula, juntamente com o presidente do Chile, Gabriel Boric, atua como "porta-voz" dos interesses norte-americanos na América Latina. No entanto, Saab não apresentou evidências para sustentar suas alegações.
Em resposta, o governo de Maduro tratou de se distanciar das declarações, enfatizando que elas não correspondem à política externa oficial da Venezuela. "O Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela expressa à opinião pública nacional e internacional, especialmente ao povo e ao governo da República Federativa do Brasil, que as recentes declarações emitidas pelo Procurador-Geral da República, a respeito do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, correspondem a opiniões de caráter muito pessoal e em nenhum momento refletem a posição da Executiva Nacional, responsável pela política externa venezuelana", diz o comunicado.
Essa rápida resposta do governo Maduro evidencia a preocupação em manter boas relações diplomáticas com o Brasil, um importante aliado na região, mesmo diante de tensões ocasionadas por declarações individuais de membros de seu governo.
Embora a acusação do procurador-geral tenha gerado desconforto, especialmente pelo teor das alegações, o governo venezuelano buscou apaziguar a situação, reafirmando que as opiniões de Saab não interferem na relação entre os dois países. O governo brasileiro ainda não comentou oficialmente sobre o episódio.
A declaração ocorre em um momento delicado, com a América Latina buscando reforçar laços de cooperação política e econômica, em meio a desafios regionais e internacionais.