Lula afirma que "ninguém foi mais de esquerda que Jesus Cristo" durante comício na Bahia

Presidente faz aceno ao eleitorado cristão e critica Bolsonaro; também atribui impeachment de Dilma Rousseff ao machismo.

Por RL em Foco em 17/10/2024 às 23:25:08
Imagens da internet

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Durante um comício realizado em Camaçari, Bahia, nesta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso com fortes apelos ao eleitorado cristão. Ao lado do ex-prefeito Luiz Caetano (PT), que disputa o segundo turno das eleições municipais, Lula declarou que "ninguém foi mais de esquerda do que Jesus Cristo", numa tentativa de aproximar sua figura e a do partido das crenças religiosas de parte da população.

A declaração de Lula vem em um momento em que o presidente busca reforçar sua conexão com o público evangélico, um segmento que, segundo pesquisas recentes, ainda demonstra maior inclinação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Três dias antes, Lula havia recebido lideranças evangélicas no Palácio do Planalto para sancionar a lei que cria o Dia Nacional da Música Gospel, marcado para 9 de junho.

"A escolha de uma vice mulher, negra e pastora ao lado do Caetano demonstra essa união de esquerda que nós temos orgulho de carregar", disse Lula, em referência à chapa composta por Luiz Caetano e uma líder religiosa. "A gente não tem medo de dizer que é de esquerda, porque ninguém foi mais de esquerda que Jesus Cristo", completou, gerando aplausos entre os presentes.

Ainda em seu discurso, Lula criticou duramente o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que o rival "não acredita em Deus", apesar de ter tentado se aproximar do eleitorado evangélico durante seu governo. "Inventou até que é evangélico, mas quem acredita em Deus não age como ele", disse o presidente, reiterando seu descontentamento com a postura de Bolsonaro durante o período eleitoral de 2018.

O presidente também abordou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, que, segundo ele, teria sido impulsionado pelo machismo. "Os machos desse país não aceitaram que uma mulher, como a Dilma, que foi presa, torturada, assumisse a Presidência", afirmou Lula. Ele ainda acusou a Lava Jato de ser uma operação forjada para impedi-lo de concorrer nas eleições presidenciais de 2018.

As declarações de Lula acontecem em meio a um cenário de aprovação em queda entre alguns grupos de eleitores, como os católicos e evangélicos. Segundo uma pesquisa divulgada pela Quaest no início de outubro, a reprovação ao governo Lula subiu para 55% entre os evangélicos, enquanto a aprovação caiu para 41%. Esse cenário motivou o presidente a intensificar sua presença em eventos direcionados a esse público.

No entanto, o presidente busca reverter esse quadro ao fortalecer sua presença em comícios e encontros com eleitores religiosos. Nos próximos dias, Lula participará de eventos de campanha em São Paulo, incluindo atos em Diadema, Mauá e com o candidato Guilherme Boulos (PSOL), que disputa a prefeitura da capital paulista.

Após críticas por sua postura discreta no primeiro turno das eleições municipais, Lula adotou uma estratégia mais participativa nesta fase. O presidente tem utilizado eventos oficiais do governo para também participar de campanhas eleitorais, com o objetivo de impulsionar seus candidatos nos municípios onde ainda há disputas.

Além de Camaçari, Lula tem programada sua participação em três eventos em São Paulo até o fim de semana. O presidente deve comparecer a comícios ao lado de candidatos do PT e PSOL, incluindo a campanha de Boulos, que lidera a corrida pela prefeitura de São Paulo.

Com essas ações, Lula tenta mobilizar sua base de apoio e retomar a confiança de setores do eleitorado que demonstraram insatisfação com seu governo, especialmente em temas como economia e saúde pública.

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