Pablo Marçal desafia hegemonia bolsonarista e cresce no eleitorado conservador em São Paulo

Por RL em Foco em 22/08/2024 às 23:15:33
Imagens da internet

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Uma nova peça no tabuleiro eleitoral paulistano tem chamado a atenção. O ex-coach e influenciador digital Pablo Marçal (PRTB) tem adotado táticas semelhantes às usadas por Jair Bolsonaro para conquistar eleitores e agora ameaça o domínio do ex-presidente sobre sua própria base na maior capital do país. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, Marçal subiu sete pontos percentuais e já empata tecnicamente com o candidato apoiado por Bolsonaro, Ricardo Nunes (MDB), com 21% das intenções de voto, contra 19% de Nunes.

A estratégia de Marçal segue uma linha de radicalização que agradou a uma parcela significativa do eleitorado conservador, especialmente aqueles que estavam inclinados a votar em Nunes ou no apresentador José Luiz Datena (PSDB). O avanço do ex-coach no cenário eleitoral paulista coloca em xeque a liderança de Bolsonaro, que vinha se consolidando como um nome forte para manter sua influência sobre o eleitorado conservador.

No entanto, diante dessa ameaça, Bolsonaro e seus aliados, incluindo seus filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro, mudaram de postura. Recentemente, passaram a criticar Marçal publicamente, em um esforço para minar seu crescimento. Carlos chegou a acusá-lo de mentir, enquanto Eduardo o associou a figuras controversas ligadas ao crime organizado em São Paulo, como o PCC (Primeiro Comando da Capital).

A escalada de Marçal tem sido marcada por uma retórica cada vez mais radical. Ele classificou Nunes, um candidato do MDB com histórico conservador, como "comunista", em um claro aceno à base mais radical bolsonarista. As próximas semanas prometem ser decisivas para definir se Bolsonaro conseguirá reconquistar o eleitorado que começa a se distanciar de seu círculo de influência.

A campanha de Marçal também reflete um desejo de parte do eleitorado por um discurso mais agressivo e sem filtros. Esse fenômeno foi intensificado após os eventos de 8 de janeiro, quando muitos dos apoiadores de Bolsonaro criticaram os militares que não aderiram à tentativa de golpe, classificando-os como "frouxos". Marçal, identificando essa sede por radicalidade, adotou um tom ainda mais extremista do que o próprio Bolsonaro em suas declarações.

Resta saber se Bolsonaro conseguirá reverter essa maré e manter seu domínio sobre a base conservadora em São Paulo. Até o momento, Marçal tem se mostrado eficaz em utilizar as mesmas armas do ex-presidente para desafiar sua liderança e semear divisões dentro de sua própria base.


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