Escândalo de propina na construção do hospital de MaricĂĄ

DenĂșncia revela pagamentos ilĂ­citos em contratos com construtora Ghimel na edificação do hospital municipal

Por RL em Foco em 12/02/2024 às 12:21:11
Reprodução/Internet

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Uma bomba atingiu em cheio o cenĂĄrio polĂ­tico de MaricĂĄ com a aceitação da denĂșncia pelo Ministério PĂșblico do Rio de Janeiro contra uma lista de figuras proeminentes da administração municipal. Entre os acusados estão Renato da Costa Machado, ex-secretĂĄrio de governo e atual deputado estadual pelo PT; Leonardo de Oliveira Alves, secretĂĄrio de Planejamento, Orçamento e Gestão; e Marcos Câmara Rebelo, então secretĂĄrio de Obras durante a construção do Hospital Municipal Che Guevara.

A denĂșncia também envolve Bruno Duarte Rodrigues e Dalton Nobre Vilela, ex-diretores operacionais do serviço de obras, Karina Braga Benigno da Silva e Jorge Tadeu Ribeiro Osório, ex-assessores; Sandro Pereira Gomes, empresĂĄrio da Ghimel Construções e Empreendimentos, FlĂĄvio Magalhães de Almeida, responsĂĄvel técnico pela construtora, e Camilla Bittencourt, empresĂĄria.

Segundo a acusação, a construtora Ghimel, encarregada da construção do hospital, teria realizado pagamentos de propina a agentes pĂșblicos envolvidos no projeto. A investigação aponta que os crimes tiveram inĂ­cio imediatamente após a contratação da empresa, em 2016.

Os promotores do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciaram os envolvidos por associação criminosa, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A Ghimel teria repassado 6% do valor bruto recebido para a obra como propina aos agentes pĂșblicos.

Os crimes, conforme a investigação, transcorreram até mesmo no canteiro de obras do hospital. O ex-secretĂĄrio de Obras, Marcos Câmara Rebelo, teria solicitado os 6% de propina a FlĂĄvio Magalhães de Almeida, representante da Ghimel Construções.

A denĂșncia revela que, entre março de 2017 e fevereiro de 2018, a Ghimel pagou mais de R$ 2 milhões em propina para a empresa V81 Consultoria Serviços e Equipamentos. Bruno Duarte Rodrigues, ex-diretor operacional do serviço de obras e representante da V81 na época, teria atuado como intermediĂĄrio entre a construtora e os então secretĂĄrios de governo e Planejamento, Renato Machado e Leonardo Alves, respectivamente.


Reportagem na integra do RJ1



A investigação aponta que os pagamentos de propina foram camuflados sob o pretexto de uma fictĂ­cia locação de mĂĄquinas e equipamentos para a construtora, visando dar aparĂȘncia de legalidade ao esquema criminoso. A maior parte dos valores era sacada em dinheiro vivo para ocultar a destinação ilĂ­cita, caracterizando lavagem de dinheiro.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) também constatou superfaturamento na construção do hospital. Inicialmente orçada em R$ 43,9 milhões, a obra teve trĂȘs termos aditivos que elevaram o contrato para quase R$ 48 milhões.

A denĂșncia destaca que os pagamentos ilĂ­citos foram feitos com o pretexto de uma locação fictĂ­cia de mĂĄquinas e equipamentos para a construtora, dando uma aparĂȘncia de legalidade ao esquema criminoso. A maior parte dos valores era sacada em dinheiro vivo, ocultando a destinação ilegal e caracterizando lavagem de dinheiro.

A Justiça não apenas aceitou a denĂșncia, mas também determinou o sequestro de bens de todos os envolvidos para ressarcir o municĂ­pio, incluindo carros, caminhões, barcos, imóveis e contas bancĂĄrias. O juiz titular de MaricĂĄ, Felipe Carvalho Gonçalves da Silva, afastou o secretĂĄrio de Planejamento, Orçamento e Gestão do municĂ­pio, Leonardo de Oliveira Alves.

Em resposta às acusações, o deputado estadual Renato Machado alegou que todos os seus atos na Prefeitura de MaricĂĄ seguiram a lei, expressando surpresa com a aceitação da denĂșncia. O secretĂĄrio Leonardo Alves também manifestou surpresa e indignação, afirmando colaborar com a Justiça para esclarecer os fatos. A Prefeitura de MaricĂĄ informou que afastou imediatamente o secretĂĄrio Leonardo Alves e estĂĄ colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos. O prefeito atual, Fabiano Horta, foi mencionado na denĂșncia, mas a prefeitura não forneceu detalhes sobre sua suposta participação. A investigação promete revelar mais detalhes sobre este escândalo que abala as estruturas polĂ­ticas do municĂ­pio.

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