O corpo do icônico jornalista e locutor Léo Batista foi sepultado na tarde desta terça-feira (21) em Cordeirópolis, sua cidade natal no interior de São Paulo. Aos 92 anos, o profissional que marcou gerações com sua voz inconfundível faleceu no último domingo (19), no Rio de Janeiro, após enfrentar complicações de um tumor no pâncreas.
O sepultamento aconteceu no Cemitério Municipal, onde Léo Batista foi enterrado ao lado dos pais e da irmã, reforçando a forte conexão que manteve com sua família ao longo da vida, apesar de sua trajetória de sucesso nacional.
José Vitor Lucke, sobrinho do jornalista, destacou o carinho e a proximidade que Léo sempre preservou com seus familiares. "Apesar de ter saído de casa muito jovem, com apenas 16 anos, ele nunca deixou de visitar a família. Todo ano, durante as férias, ele vinha nos ver. Ele era aquele mesmo homem simpático que as pessoas viam na televisão", relembra.
José Vitor também compartilhou memórias pessoais das visitas do tio, incluindo os presentes que recebia. "Eu esperava ansioso porque ele trazia camisas que não usava mais. Isso me marcava muito, mas o que mais me impressionava era o quanto ele sempre esteve presente, mesmo com uma carreira tão cheia de compromissos."
A despedida do jornalista reuniu não só amigos e familiares, mas também fãs de diversas partes da região. O motorista Júlio César Levino Rodrigues viajou 70 quilômetros, de Campinas até Cordeirópolis, para prestar sua última homenagem.
"Sou fã desde a época em que ele fazia a "coluna do meio" com a zebrinha. Quando soube do velório, fiz questão de vir. Foi emocionante poder me despedir dele", contou Júlio, visivelmente emocionado.
Flávio Teixeira do Amaral, morador da vizinha Santa Gertrudes, destacou o orgulho de ter crescido ouvindo a voz marcante de Léo. "Ele era uma referência aqui na região. Não poderia deixar de homenagear alguém que acompanhou tantas gerações."
João Baptista Belinaso Neto, conhecido nacionalmente como Léo Batista, nasceu em 22 de julho de 1932, em Cordeirópolis. Sua carreira começou ainda na década de 1940, como locutor do serviço de alto-falante da cidade. Após passar por Piracicaba e Birigui, ele seguiu para o Rio de Janeiro, onde construiu uma das mais longevas trajetórias no jornalismo esportivo e televisivo.
Em mais de 70 anos de profissão, Léo foi responsável por narrar eventos históricos, como a morte de Getúlio Vargas e a final da Copa do Mundo de 1950. Na TV Globo, onde trabalhou por 55 anos, tornou-se um dos nomes mais emblemáticos da emissora, participando de programas como o *Fantástico* e de quase todos os telejornais esportivos da casa.
A chegada do corpo de Léo Batista ao Velório Municipal de Cordeirópolis, por volta das 14h45, foi acompanhada por uma cerimônia aberta ao público, marcada por emoções e homenagens. A prefeitura do município, que decretou luto oficial de três dias, destacou o orgulho de ter o jornalista como um dos filhos mais ilustres da cidade.
Amigos de infância também marcaram presença, como Cyriaco Hespanhol, de 89 anos, que relembrou momentos de juventude ao lado de Léo, a quem chamava carinhosamente de "Batistin". "Ele nunca esquecia da gente. Sempre deixava um bilhete ou passava para nos visitar. Para o mundo, ele era Léo Batista, mas, para nós, sempre será o Batistin, aquele menino que jogava bola conosco."
Léo Batista deixa um legado incomparável no jornalismo brasileiro e uma história de humildade e afeto que permanecerá na memória de seus conterrâneos e admiradores por todo o país.