FabrĂcio Queiroz, ex-assessor de FlĂĄvio Bolsonaro e figura central no caso das "rachadinhas", foi nomeado subsecretĂĄrio de Segurança e Ordem PĂșblica em Saquarema, cidade no interior do Rio de Janeiro. A nomeação, assinada pela prefeita Lucimar Vidal (PL), foi publicada no DiĂĄrio Oficial na Ășltima segunda-feira (8). O cargo, de natureza comissionada e recém-criado na gestão da prefeita, possui remuneração estimada em mais de R$ 10 mil mensais, embora a transparĂȘncia municipal enfrente dificuldades para confirmar oficialmente o valor.
De acordo com a prefeitura, o subsecretĂĄrio terĂĄ como atribuições auxiliar na gestão administrativa e na formulação de polĂticas pĂșblicas voltadas à segurança e ordem do municĂpio. A meta declarada é garantir ações estratégicas e integração entre as forças de segurança, atendendo às demandas da comunidade local.
Antes de assumir o novo cargo, Queiroz enfrentou derrotas consecutivas em disputas eleitorais. Em 2024, candidatou-se a vereador em Saquarema, mas obteve apenas 588 votos, ficando como suplente. Dois anos antes, em 2022, tentou conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro como deputado estadual, mas somou pouco mais de 6,7 mil votos.
Diferentemente de 2022, quando não recebeu apoio pĂșblico da famĂlia Bolsonaro, na eleição municipal de 2024, Queiroz contou com um vĂdeo gravado por FlĂĄvio Bolsonaro em sua defesa. No material, o senador afirma que Queiroz foi vĂtima de perseguição polĂtica e elogia sua "resiliĂȘncia". "Ele estĂĄ aqui, cabeça erguida e peito aberto, pedindo voto em Saquarema, e eu estou pedindo pra vocĂȘs também", declarou FlĂĄvio no vĂdeo.
A gravação foi a primeira manifestação pĂșblica de um membro da famĂlia Bolsonaro ao lado de Queiroz desde o inĂcio das investigações das "rachadinhas" em 2018.
Queiroz tornou-se conhecido nacionalmente em 2018, após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentações suspeitas de R$ 1,2 milhão em suas contas bancĂĄrias. À época, ele era apontado como operador de um esquema de desvio de salĂĄrios de assessores no gabinete de FlĂĄvio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Em 2020, o Ministério PĂșblico denunciou Queiroz, FlĂĄvio e outros envolvidos por suspeitas de participação no esquema. Entretanto, a defesa de FlĂĄvio conseguiu a anulação do processo com base em erros processuais, e o mérito das acusações nunca chegou a ser julgado.
A nomeação de Queiroz gera controvérsias em Saquarema, especialmente devido ao histórico de acusações e à ligação estreita com a famĂlia Bolsonaro. Para aliados da prefeita Lucimar Vidal, a escolha reflete a confiança em sua experiĂȘncia administrativa e no respaldo polĂtico que ele pode trazer. No entanto, crĂticos questionam se a decisão pode manchar a credibilidade da gestão e impactar negativamente a imagem da administração municipal.
Enquanto isso, o Portal da TransparĂȘncia de Saquarema continua sendo alvo de reclamações por falta de acesso pleno às informações, o que dificulta acompanhar os gastos pĂșblicos, incluindo a remuneração de cargos comissionados como o de Queiroz.
A presença do ex-assessor em um cargo pĂșblico reabre o debate sobre moralidade na administração pĂșblica e a influĂȘncia polĂtica da famĂlia Bolsonaro nas prefeituras do interior do Rio de Janeiro.