Crise em Cabo Frio: Atraso nos salários freia compras de natal e afeta comércio local

Servidores municipais enfrentam dificuldades financeiras, deixando as compras de fim de ano em segundo plano. Empresários buscam alternativas para driblar queda nas vendas.

Por RL em Foco em 23/12/2024 às 00:26:23
Imagens da internet

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O clima natalino em Cabo Frio está mais contido este ano. Enquanto o comércio local tenta impulsionar as vendas de última hora, muitos servidores públicos optam por não participar das tradicionais compras de Natal devido aos salários atrasados e à falta de pagamento do 13º. A frase "Magdala não paga, a gente não gasta" se tornou um símbolo da insatisfação com a atual gestão municipal.

Uma enquete realizada pelo Portal RC24h revelou o impacto dessa crise financeira no comportamento dos consumidores. Dos 62 participantes, 41 afirmaram que não pretendem comprar presentes neste Natal, sendo que grande parte apontou os atrasos salariais como motivo principal. "A prefeitura de Cabo Frio não me paga há três meses", desabafou uma moradora. Outros mencionaram a alta dos preços e o desemprego como fatores que agravam a situação.

Entre os 21 que realizaram compras, 52% optaram pelo e-commerce, buscando praticidade e preços mais baixos, enquanto 48% visitaram lojas físicas. Roupas e cosméticos foram os itens mais procurados, mas muitos consumidores destacaram a necessidade de priorizar gastos essenciais, como alimentação.

Apesar do cenário desafiador, comerciantes demonstram otimismo moderado, especialmente nos dois dias que antecedem o Natal, tradicionalmente mais movimentados. Renato Marins, presidente da Associação Comercial Industrial e Turística de Cabo Frio (ACIA), acredita que o comércio local ainda pode superar os números do ano passado graças a promoções e à chegada de visitantes à cidade.

Andréa Ferreira, proprietária da loja *Use Top Modas Brasil*, relatou um aumento de 30% a 35% nas vendas em comparação a 2023. Ela atribui esse crescimento a estratégias como lançamentos semanais e preços competitivos. "Mesmo com a crise, esperamos que este Natal seja melhor, especialmente com os turistas que estão chegando", disse Andréa.

Já Vitor Ângelo, da *Cosméticos Freedom*, apontou uma melhora significativa nas vendas a partir da segunda semana de dezembro. "Para o nosso segmento, os dias 23 e 30 são sempre os mais movimentados, e este ano não está sendo diferente", explicou.

Por outro lado, comerciantes como Wagner, da *WL Presentes*, afirmaram que o movimento está estável em relação ao ano passado. Ele destacou que, embora as vendas não tenham aumentado, a procura continua alta, e promoções de fim de ano são a aposta para atrair clientes.

A alta dos preços também tem influenciado o comportamento dos consumidores. Produtos populares, como brinquedos e roupas, registraram aumentos de até 2,40% em comparação ao ano anterior, enquanto eletrônicos tiveram uma leve queda de 2,91%. No entanto, mesmo com os descontos, muitos consumidores consideraram os preços altos demais.

Matheus Gomes, um dos poucos moradores que optaram por fazer compras em lojas físicas, disse que vestuário foi a melhor escolha este ano. "As roupas ainda estão com preços acessíveis. Já os eletrônicos, mesmo com promoções, não compensaram tanto", avaliou.

Com um comércio que depende fortemente do consumo local, o atraso nos pagamentos dos servidores trouxe um impacto significativo para Cabo Frio. Lojistas ainda esperam um aumento no fluxo de clientes na véspera de Natal, mas a crise financeira e o endividamento das famílias continuam a limitar o potencial de recuperação.

Enquanto isso, muitos trabalhadores e moradores encaram um Natal mais modesto, priorizando o básico em detrimento das celebrações tradicionais. Para eles, a esperança de tempos melhores depende não só de promoções, mas também de soluções concretas para a crise financeira que afeta a cidade.

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