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Feminicídio

Médico é preso acusado de feminicídio: investigações apontam uso de sedativos em assassinato da companheira

Suspeito teria usado sorvete para induzir vítima ao sono; investigação destaca medicamentos de uso restrito aplicados sem suporte necessário


O médico André Lorscheitter Baptista, 45 anos, foi preso na última terça-feira (29) sob a suspeita de ter assassinado sua companheira, a enfermeira Patricia Rosa dos Santos, com medicamentos de uso re

Em uma trama chocante e trágica, a cidade de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, tornou-se palco de um possível caso de feminicídio envolvendo o uso de substâncias controladas. O médico André Lorscheitter Baptista, 45 anos, foi preso na última terça-feira (29) sob a suspeita de ter assassinado sua companheira, a enfermeira Patricia Rosa dos Santos, com medicamentos de uso restrito e exclusivo em ambiente hospitalar. A investigação conduzida pela Polícia Civil aponta que o médico teria utilizado Zolpidem, um sedativo forte, em um sorvete para induzir a vítima ao sono antes de ministrar outras substâncias, resultando em sua morte.

Desconfiança da família e indícios de manipulação da cena

A morte de Patrícia Rosa dos Santos, registrada no dia 22 de outubro, levantou suspeitas na família desde o início. No mesmo dia, por volta das 8h, André telefonou para os familiares de Patrícia informando o falecimento dela, alegando que a causa teria sido um infarto agudo no miocárdio. Segundo a polícia, ele apresentou um atestado médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas os familiares desconfiaram da versão, dada a saúde aparentemente estável da enfermeira.

Patrícia Rosa dos Santos — Foto: Reprodução redes sociais — Edição: Tyago Fontenelle/RL em Foco.

Ainda segundo o delegado Arthur Hermes Reguse, a perícia encontrou evidências que indicam uma possível manipulação da cena do crime. "Os indícios encontrados no local não eram compatíveis com a versão fornecida pelo suspeito. O corpo de Patrícia foi deslocado, o que nos fez levantar ainda mais questões sobre a veracidade das alegações de infarto", afirmou o delegado. Peritos ainda encontraram sangue da vítima em um acesso venoso e nas medicações, além de uma gaze com DNA da enfermeira.

A utilização de Zolpidem e a restrição no uso de medicamentos controlados

A investigação trouxe à tona o papel do Zolpidem, substância hipnótica de venda controlada e indicada para tratamentos breves de insônia, mas cuja ação rápida induz o sono em aproximadamente 30 minutos. Em agosto deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apertou o controle sobre a distribuição do Zolpidem, que passou a exigir prescrição médica do tipo azul, com restrições rigorosas de uso. Essa substância, segundo a polícia, foi administrada pela primeira vez no sorvete que André ofereceu a Patrícia, provocando sonolência para, em seguida, permitir a aplicação dos medicamentos de uso hospitalar.

Conforme destacado pela polícia, os medicamentos injetados na vítima demandariam uma assistência ventilatória imediata, como intubação, por conta de seus efeitos colaterais severos. Sem essa assistência, a probabilidade de óbito se eleva significativamente. "Esses medicamentos são extremamente controlados e não podem ser utilizados fora de um ambiente médico preparado, levantando questões importantes sobre as intenções do suspeito", pontuou o delegado Reguse.

Suspeita de feminicídio e os próximos passos da investigação

Diante das evidências de manipulação e do histórico de relacionamento do casal, a Polícia Civil trata o caso como feminicídio — crime que se caracteriza pela morte de uma mulher em contexto de violência doméstica, familiar ou discriminação de gênero. A defesa de André Lorscheitter Baptista, no entanto, alegou que só irá se manifestar oficialmente após a análise detalhada do inquérito.

Até o momento, o acusado permaneceu em silêncio durante seu depoimento. Paralelamente, os investigadores continuam a buscar provas adicionais para consolidar a acusação de feminicídio.




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