A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público estadual ampliaram as investigações sobre a contaminação de pacientes por HIV durante procedimentos de transplante de órgãos. A Delegacia do Consumidor (DECON) instaurou um inquérito para apurar a responsabilidade do PCS Laboratório Saleme, responsável pelos exames que não detectaram a presença do vírus nos doadores. O laboratório foi alvo de uma operação policial, que verificou a ausência de kits de teste de HIV e documentos que comprovassem a aquisição desses materiais, levantando a suspeita de que os testes obrigatórios podem não ter sido realizados.
O Ministério Público também investiga a contratação emergencial do PCS Laboratório Saleme pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Contratos que totalizam mais de R$ 20 milhões, firmados em 2023, estão sob análise devido ao capital social baixo da empresa, de apenas R$ 21 mil. O laboratório foi contratado para suprir a demanda do HemoRio, que estava sobrecarregado. O MP está focado em identificar se houve irregularidades na contratação e possível conluio entre funcionários públicos e representantes do laboratório.
Além disso, dois dos três sócios do laboratório são parentes do deputado federal Dr. Luizinho, ex-secretário estadual de Saúde. Ele nega qualquer envolvimento na contratação e pediu punição rigorosa para os responsáveis. A atual secretária de Saúde, Cláudia Mello, instaurou uma sindicância interna para investigar desvios de conduta na pasta. O Conselho Regional de Medicina (Cremerj) também apura a conduta dos médicos envolvidos no processo.
Em nota, o PCS Laboratório Saleme afirmou que está colaborando com as investigações e que os exames de HIV realizados entre dezembro de 2023 e setembro de 2024 seguiram as diretrizes do Ministério da Saúde e da Anvisa.