O laudo com a causa da morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, baleada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta em decorrência de "lesão no encéfalo por projétil de arma de fogo".
Heloísa morreu na manhã do sábado (16), no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após ficar 9 dias internada.
A criança será sepultada neste domingo (17), no Cemitério Municipal de Petrópolis, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, às 16h30.
Heloísa foi baleada no dia 7 de setembro, quando um agente da PRF efetuou disparos de fuzil em direção ao carro em que a família estava no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão preventiva de 3 agentes envolvidos na ação (relembre o caso abaixo).
Nas redes sociais, uma prima de Heloísa falou sobre a perda da menina e o sentimento da família.
"Você foi a criança mais forte do mundo", disse Lorrany Santos escreveu nas redes sociais sobre a morte da prima. "Acabou o sofrimento meu amor, descanse em paz", completou.
A PRF emitiu uma nota de pesar. "Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda", disse.
A instituição informou ainda que a Comissão de Direitos Humanos segue acompanhando a família "para acolhimento e apoio psicológico".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a morte da menina é "algo que não pode acontecer. ""Morreu hoje a pequena Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos, atingida por tiros de quem deveria cuidar da segurança da população. Algo que não pode acontecer. A dor de perder uma filha é tão grande que não tem nome para essa perda. Não há o que console. Meus sentimentos e solidariedade aos pais e demais familiares."
O ministro da Justiça, Flávio Dino, publicou a mensagem de condolências da PRF e disse que o processo administrativo sobre o caso foi instaurado no mesmo dia em que a menina foi baleada, e que já existe um inquérito policial na PF, que será enviado ao Ministério Público Federal e à Justiça. "Minha decisão só pode ser emitida ao final do processo."
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) disse que "um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses - e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais -, merece ter a sua existência repensada".
O advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que determinou que a Procuradoria-Geral da União "acompanhe imediatamente o caso para avaliar eventual responsabilização na seara cível".
"Tristeza imensa", escreveu em uma rede social a deputada estadual Renata Souza, que é presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Entre 2022 e 2023, 15 crianças foram mortas por balas perdidas no estado, desse total, 6 em operações policiais, segundo a ONG Rio de Paz, que acompanha desde 2007 os casos de crianças mortas por armas de fogo.
"O despreparo do policial. A falta de supervisão, quem está acima jamais é responsabilizado pelos crimes de quem está na ponta. Impunidade, raramente esses policiais são punidos. A cultura policial brasileira, que conduz o policial a perseguir e matar o bandido em completa desconsideração pela vida de cidadãos inocentes", disse o fundador da ONG, Antonio Carlos Costa.
"O estímulo dado pela própria sociedade, que celebra a guerra e ignora o drama das famílias das vítimas, que vota em candidato que apresenta como promessa de campanha o uso indiscriminado e irracional da força sem a mínima preocupação quanto à observância de protocolos de operações policiais. Portanto, o gatilho da arma usada na morte da menina Heloísa foi apertado não apenas pelo dedo do policial", completou em nota.
Fonte: g1