As eleições para o Parlamento Europeu trouxeram resultados inesperados e um cenário político em transformação. Durante quatro dias de votação, os partidos de direita e extrema direita consolidaram uma presença significativa, alterando o equilíbrio de poder no bloco.
Com a apuração finalizada, o Parlamento Europeu verá um aumento expressivo na representação de partidos conservadores e de extrema direita. O Partido Popular Europeu (EPP) permanece como o maior grupo, contando com 184 assentos, um crescimento de 8% em comparação com as eleições de 2019. Este fortalecimento do EPP destaca a tendência conservadora entre os eleitores europeus.
Os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) garantiram 73 cadeiras, representando forças como os Irmãos da Itália, o Vox espanhol e o Lei e Justiça polonês. Este grupo, que reúne partidos de ultradireita, mostrou um crescimento sólido, refletindo a ascensão do conservadorismo em diversas nações europeias.
O grupo Identidade e Democracia (ID), mais radical, obteve 58 assentos, um aumento de 9% em relação ao pleito anterior. Com partidos como o francês Reunião Nacional e o português Chega, o ID representa uma parte significativa do eleitorado que busca mudanças profundas nas políticas europeias, especialmente em questões de imigração e soberania nacional.
Enquanto isso, os grupos progressistas enfrentaram desafios. Os Socialistas e Democratas (S&D) perderam 4% dos votos, resultando em 139 assentos. Os Verdes tiveram uma queda acentuada, com apenas 52 cadeiras, uma redução de 19%. Os liberais do Renovar a Europa (RE) também sofreram perdas, passando de 102 para 80 cadeiras.
A nova configuração do Parlamento Europeu está provocando reações diversas nos países membros. Na França, a vitória da extrema direita provocou um abalo significativo. O presidente Emmanuel Macron, diante da derrota do seu partido Renascença, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições legislativas para junho e julho.
Na Alemanha, o avanço do Alternativa para a Alemanha (AfD) como a segunda maior força política representa um desafio para o chanceler Olaf Scholz. Com um discurso anti-imigração, o AfD obteve um resultado histórico, colocando em xeque a política tradicional alemã.
A Itália também viu um fortalecimento da direita, com o partido Irmãos da Itália, liderado por Giorgia Meloni, conquistando 28,5% dos votos. Este resultado reforça a posição de Meloni como uma figura central na política europeia.
Ursula von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia, enfrenta um futuro incerto. Para garantir sua permanência, ela precisará de 361 votos, exigindo apoio não apenas do EPP, mas também dos socialistas e liberais. Juntos, esses grupos somam 407 votos, suficientes para assegurar sua reeleição, desde que haja um consenso entre os líderes europeus.
O Parlamento Europeu está prestes a iniciar uma nova era, com uma direita fortalecida e desafios significativos pela frente. As próximas decisões políticas e alianças serão cruciais para definir o rumo da União Europeia nos próximos anos.