/apidata/imgcache/63b22ba03e59d628d97db92aa5df542b.png?banner=left&when=1765336184&who=23
/apidata/imgcache/92eb1d0404ae107d5e07c7d95ff38776.png?banner=right&when=1765336184&who=23

Saquarema afunda no nepotismo: Prefeitura incha a máquina pública e nomeia aliados do ex-prefeito inelegível

Com quase 1.500 cargos comissionados e criação de novas secretarias, governo de Lucimar Vidal beneficia políticos e familiares, enquanto cofres públicos arcam com milhões em salários.

Atualizado em 07/02/2025 às 22:02, por Redação RL em Foco.

A nova gestão da Prefeitura de Saquarema, comandada por Lucimar Vidal (PL), iniciou com uma explosão de cargos comissionados, beneficiando parentes de vereadores e aliados do ex-prefeito Antônio Peres Alves, condenado por corrupção e inelegível. De acordo com informações do portal G1, só no primeiro mês do novo governo, 90 vagas foram criadas, elevando para 1.401 o número de comissionados na cidade, que tem cerca de 95 mil habitantes.

/apidata/imgcache/c6815b5c82db5d4cfbba55beb5dced63.jpeg?banner=postmiddle&when=1765336184&who=23

Antônio Peres Alves, ex-prefeito inelegível, condenado por participação na máfia dos sanguessugas e em outro processo, também investigado em outros; Lucimar Vidal, atual prefeita, que dá sinais de ser mera "laranja" do grupo político, ao lado de Manoela Peres — ex-prefeita e de Raquel Oliveira, ex-vereadora e atual vice-prefeita; filha de outro condenado na máfia dos sanguessugas e secretário municipal de Saúde, Dr. João Oliveira. (Foto: Reprodução / redes sociais).

Entre os beneficiados estão a ex-prefeita Manoela Peres, agora secretária de Governabilidade, e seu marido, Antônio Peres, nomeado secretário de Relações Institucionais. Peres, que já comandou Saquarema, foi condenado na "Máfia dos Sanguessugas" e em outros crimes contra a administração pública, deixando um rastro de prejuízos para os cofres municipais. Agora, mesmo inelegível, mantém forte influência no governo de Lucimar Vidal.

A prática do nepotismo também se espalhou pela gestão. Entre os nomeados estão Lorena Ferreira, irmã do vereador Guilherme Pitiquinho (União Brasil), nomeada assessora especial de gabinete; Renato e Rafaela Ribeiro, filhos do vereador Paulo Renato Ribeiro (Solidariedade), que ganharam cargos na Transparência e na Saúde do Trabalho; além de Vanildo Siqueira, irmão do vereador Heber Kilinho (PSDB), nomeado subsecretário municipal de Assuntos Religiosos.

O professor de Direito Constitucional da UFF, Gustavo Sampaio, alerta que tais práticas podem ser enquadradas como improbidade administrativa. "A violação aos princípios da legalidade e moralidade administrativa pode levar a sanções severas, incluindo inelegibilidade", afirmou.

Enquanto a prefeitura se defende alegando que os nomeados possuem a qualificação necessária, os números revelam uma realidade preocupante. Só em janeiro, os comissionados custaram R$ 5,3 milhões aos cofres públicos. A Secretaria de Educação, que deveria ser o motor do desenvolvimento da cidade, concentra um terço dos cargos comissionados, coincidentemente sendo a pasta com o maior orçamento, sustentado pelos royalties do petróleo.

Nos últimos oito anos, Saquarema recebeu R$ 7 bilhões em royalties, sendo R$ 2 bilhões apenas em 2024. No entanto, ao invés de direcionar os recursos para melhorias estruturais, a administração parece priorizar a manutenção de um esquema de poder que beneficia os mesmos grupos políticos há décadas.

O RJ2, da TV Globo, tentou contato com os vereadores citados, mas não obteve resposta. A prefeitura, por sua vez, prometeu analisar as nomeações e tomar medidas caso sejam encontradas irregularidades.