O prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL), se pronunciou nesta quinta-feira (10) sobre o envio de 12 pessoas em situação de rua para o município de Linhares, no Espírito Santo, episódio que ganhou repercussão nacional após denúncias de suposta prática de "higienização humana".

De acordo com o prefeito, a transferência das pessoas ocorreu com o consentimento dos próprios envolvidos, que estavam sendo acolhidos na Casa de Passagem do município fluminense. Segundo ele, a iniciativa foi motivada por oportunidades de trabalho na colheita de café em Linhares.

"Essas pessoas manifestaram o desejo de buscar emprego na safra do café. Algumas já haviam trabalhado na região anteriormente, e o auxílio-viagem foi concedido conforme previsto na legislação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)", afirmou o prefeito, destacando que o transporte foi realizado pela própria prefeitura de Cabo Frio de forma transparente.

Serginho ainda negou que a medida tenha qualquer ligação com tentativa de exclusão social ou transferência indevida de responsabilidade. "Se houvesse má-fé, não fretaríamos um ônibus oficial. As pessoas têm o direito de ir e vir. Apenas atendemos a um pedido delas de tentar uma nova oportunidade", argumentou.

Entre os encaminhados para Linhares, apenas uma pessoa era natural de Cabo Frio. Identificada como Ana Clara, ela teria solicitado o deslocamento após sofrer ameaças na cidade. Segundo o prefeito, o caso foi tratado individualmente pela Secretaria de Assistência Social.

No entanto, a iniciativa gerou reações negativas em Linhares. A vereadora Kelly Bonicenha denunciou o ocorrido em vídeo publicado nas redes sociais, acusando a gestão de Cabo Frio de abandonar os cidadãos em solo capixaba sem qualquer suporte. "Eles foram deixados aqui após promessas de moradia e emprego. Entre os 12 estão uma gestante com epilepsia e dois idosos", declarou a parlamentar, que registrou o caso na delegacia local.

A Prefeitura de Linhares confirmou o recebimento das pessoas e, em nota oficial, classificou a ação como "desumana". O prefeito Lucas Scaramussa (Podemos) também se posicionou publicamente. "Repudiamos este ato e vamos colaborar com as autoridades para investigar e responsabilizar os envolvidos", disse em vídeo.

O Ministério Público do Espírito Santo e a Polícia Civil acompanham o caso. Em nota, a corporação informou que está avaliando se houve alguma infração penal, mas até o momento não foi identificada a ocorrência de crime que justifique a abertura de um inquérito.

Enquanto isso, a gestão cabo-friense afirma que continuará promovendo ações de acolhimento social dentro da legalidade e reforça que o envio dos 12 cidadãos não trouxe qualquer benefício institucional ou político ao município.