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Pós-operatório de Bolsonaro será longo e complexo, alertam médicos após cirurgia de 12 horas

Ex-presidente permanece na UTI em Brasília sem previsão de alta. Procedimento envolveu reconstrução da parede abdominal e remoção de aderências intestinais causadas por cirurgias anteriores.

Atualizado em 14/04/2025 às 10:04, por RL em Foco.

O ex-presidente Jair Bolsonaro permanece internado em estado de atenção na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Brasília, após passar por uma cirurgia de alta complexidade no último domingo (13). Segundo os médicos responsáveis, o processo de recuperação será "delicado e prolongado", sem previsão para transferência da UTI ou alta hospitalar.

A intervenção, que teve duração de aproximadamente 12 horas, foi necessária para tratar uma suboclusão intestinal — obstrução parcial do intestino provocada por aderências formadas em consequência das múltiplas cirurgias abdominais realizadas desde o atentado a faca sofrido em 2018.

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De acordo com o cardiologista Leandro Echenique, da equipe médica que acompanha o ex-presidente, o procedimento foi um dos mais difíceis realizados desde o episódio do atentado. "Foi uma cirurgia longa, como previsto, e extremamente complexa. Felizmente, transcorreu sem intercorrências. No entanto, o pós-operatório exigirá atenção redobrada, pois o organismo reage com inflamações importantes após um trauma cirúrgico dessa magnitude", explicou.

Echenique também destacou os riscos adicionais enfrentados neste momento, como infecções, trombose, problemas pulmonares e instabilidade da pressão arterial. "Todas as medidas preventivas estão sendo tomadas para mitigar essas possibilidades. Por isso, a internação na UTI é essencial nesse estágio inicial", ressaltou.

Na manhã desta segunda-feira (14), Bolsonaro já se encontrava consciente, acordado e em interação com os profissionais de saúde. "Ele está lúcido e até brincou com a equipe. Porém, o foco agora é fisioterapia leve e evitar esforço. As próximas 48 horas serão determinantes para avaliar a evolução", informou o médico.

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O cirurgião-geral Cláudio Birolini, que liderou a equipe operatória, relatou que o quadro clínico de Bolsonaro já indicava agravamento nos dias que antecederam o procedimento, com distensão abdominal e elevação de marcadores inflamatórios. Com a falha das abordagens clínicas iniciais, a cirurgia se tornou a única opção viável.

O procedimento envolveu a lise extensa de aderências, ou seja, a remoção cuidadosa de tecidos internos cicatrizados que estavam aderidos ao intestino, além da reconstrução da parede abdominal comprometida. "Era um abdome extremamente complexo, com múltiplas cicatrizes internas. O intestino estava muito fragilizado, indicando que a obstrução já se desenvolvia de forma silenciosa há meses", detalhou Birolini.

Durante a operação, foi constatado que o bloqueio intestinal era causado por uma dobra no intestino delgado, dificultando o trânsito alimentar. Após a liberação das aderências, o fluxo intestinal foi restabelecido.

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Apesar da intervenção bem-sucedida, Birolini fez um alerta: "Não se deve esperar uma recuperação rápida. O intestino precisa de tempo para descansar e voltar à atividade normal. A realimentação por via oral só será considerada mais adiante."

O médico também refutou especulações sobre uma possível relação entre a alimentação recente de Bolsonaro e o agravamento do quadro clínico. "O consumo de alimentos como pastel e caldo de cana não foi o gatilho para essa obstrução", afirmou.

Embora a equipe médica espere que o procedimento realizado seja definitivo, Birolini admitiu que novas cirurgias não estão totalmente descartadas. "Naturalmente, novas aderências podem se formar com o tempo. Embora tenhamos feito o máximo para reconstituir a anatomia abdominal, o histórico cirúrgico de Bolsonaro o coloca em uma situação crônica de risco", disse o cirurgião.

Ele também destacou que a prioridade agora é preservar o bem-estar do paciente, restringindo o número de visitas. "Estamos orientando a família, inclusive a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, para que as visitas sejam limitadas, a fim de garantir tranquilidade e evitar riscos."

Michelle Bolsonaro agradece apoio nas redes sociais

Ainda no domingo, após o término da cirurgia, Michelle Bolsonaro utilizou suas redes sociais para agradecer o apoio e as mensagens de solidariedade recebidas. "A Deus, toda honra e toda glória! Meu coração transborda de gratidão a cada um de vocês que tem orado, enviado mensagens e intercedido pelo meu amor", escreveu.

O ex-presidente foi transferido em uma UTI aérea de Natal para Brasília na noite de sábado (12), após relatar fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte.

A equipe médica continuará monitorando de perto o quadro clínico nas próximas semanas, reforçando que o foco neste momento é garantir uma recuperação estável e segura.