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Nikolas finalmente acerta uma: Duda Salabert propõe moção de aplauso por "ajuda involuntária" na prisão de Bolsonaro

Deputada ironiza colega bolsonarista por exibir ex-presidente em vídeo e ajudar Justiça a flagrar descumprimento de medidas cautelares. "Pela primeira vez, fez algo útil ao país", dispara.

Atualizado em 06/08/2025 às 20:08, por Julio Cesar Cruz.

Em um episódio que mistura sarcasmo, estratégia política e os meandros da Justiça brasileira, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) decidiu registrar nos anais da Câmara dos Deputados um momento raro: o acerto involuntário de Nikolas Ferreira (PL-MG), conhecido defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro e protagonista frequente de polêmicas nas redes sociais e no plenário.

Na última segunda-feira (4), Duda protocolou, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara, um requerimento de moção de aplauso a Nikolas — não por um projeto de lei, nem por alguma fala inspiradora, mas por sua contribuição (não intencional, é claro) para que Bolsonaro fosse colocado em prisão domiciliar por decisão do Supremo Tribunal Federal.

A origem do reconhecimento irônico? Uma live realizada por Nikolas em 3 de agosto, durante uma manifestação pública. O deputado, entusiasmado, exibiu Bolsonaro ao vivo em seu celular, transmitindo a presença do ex-presidente em um evento político — algo que, segundo o STF, violou medidas judiciais que restringiam suas aparições públicas.

O ato, obviamente, repercutiu na imprensa e virou prova judicial. No processo, o ministro Alexandre de Moraes apontou que Nikolas utilizou a imagem de Bolsonaro para "impulsionar mensagens proferidas na manifestação, na tentativa de coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça", configurando descumprimento das medidas cautelares.

A "ajuda" de Nikolas, portanto, acabou se tornando ouro jurídico para embasar a decisão do STF, revelando ao vivo e em cores o comportamento reiterado do ex-presidente em afrontar o Judiciário.

"Serviço inestimável ao Estado Democrático"

Segundo a justificativa apresentada por Duda Salabert no requerimento, ainda que o gesto de Nikolas tenha tido como objetivo defender Bolsonaro, acabou prestando "um serviço de valor inestimável ao Estado Democrático de Direito". A deputada argumenta que a exibição pública escancarou para o país — e para os autos judiciais — a postura recorrente de desrespeito às instituições democráticas por parte de Bolsonaro.

"Pela primeira vez na história o Nikolas fez algo útil para o Brasil, e isso precisa ser registrado no Parlamento. Não tem lugar melhor que a Comissão de Segurança para isso, já que sempre repetem lá que bandido tem que ficar preso", alfinetou a parlamentar, em entrevista ao ICL Notícias.

Comissão agora decide: ironia protocolada pode virar registro oficial

O próximo passo é a análise do requerimento pela Comissão de Segurança Pública, composta majoritariamente por parlamentares conservadores e bolsonaristas. Se aprovada, a moção de aplauso a Nikolas será registrada oficialmente, com direito a menção honrosa nos anais da Câmara dos Deputados — algo que, dada a natureza do gesto, certamente entrará para os anais da ironia parlamentar.

Duda Salabert, que tem sido uma das vozes mais combativas à direita bolsonarista no Congresso, parece ter acertado no tom: em vez de apenas confrontar Nikolas no grito, decidiu elevá-lo ao patamar de colaborador acidental da Justiça brasileira — um título que certamente o deputado preferiria evitar.

Enquanto isso, nas redes sociais, Nikolas ainda não se manifestou sobre a "homenagem", mas internautas já transformaram o episódio em memes e debates acalorados. Afinal, não é todo dia que um aliado se torna, ainda que sem querer, peça-chave na punição de seu próprio ídolo político.

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