Morre Nana Caymmi, voz marcante da MPB, aos 84 anos no Rio de Janeiro
Filha de Dorival Caymmi e ícone da música brasileira, Nana estava internada desde agosto de 2024 tratando uma arritmia cardíaca. Seu legado permanece como referência de sensibilidade, elegância e interpretação.
Nana Caymmi, uma das maiores intérpretes da música popular brasileira, faleceu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Internada desde agosto de 2024 na Casa de Saúde São José, no Humaitá, a cantora lutava contra uma arritmia cardíaca.
Nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941, Nana cresceu imersa na música. Era filha do compositor Dorival Caymmi e de Stella Maris, e irmã dos músicos Dori e Danilo Caymmi. Sua trajetória artística começou cedo, com um dueto ao lado do pai em "Acalanto", composição feita por ele quando ela ainda era bebê.
Dona de uma voz inconfundível, com timbre grave e interpretação emotiva, Nana consolidou sua carreira na década de 1960. Gravou clássicos de compositores como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Milton Nascimento e Roberto Carlos, sempre imprimindo profundidade às letras que escolhia. Sua discografia é marcada por coerência artística e parcerias com arranjadores e produtores consagrados, como César Camargo Mariano e José Milton.
Entre os marcos de sua carreira estão o disco Caymmi visita Tom (1964), a vitória no Festival Internacional da Canção com "Saveiros" (1966), e álbuns emblemáticos como Bolero (1993) e A Noite do Meu Bem – As Canções de Dolores Duran (1994).
Apesar de não alcançar a popularidade massiva de algumas contemporâneas como Elis Regina e Gal Costa, Nana Caymmi foi amplamente respeitada por sua autenticidade artística. Sua voz esteve presente em trilhas sonoras de novelas e minisséries da TV Globo, como Hilda Furacão (1998), com a inesquecível "Resposta ao Tempo".
Ao longo da vida, Nana teve relacionamentos com nomes como Gilberto Gil, João Donato e Cláudio Nucci, e foi mãe de três filhos. Ela completou 84 anos dois dias antes de sua morte, cercada pela admiração de familiares, amigos e fãs.
Seu irmão Danilo, emocionado, destacou o sofrimento enfrentado nos últimos meses: "Estamos todos muito tristes, mas ela passou nove meses de sofrimento intenso dentro do hospital. O Brasil perde uma das maiores intérpretes que já teve."
Com a morte de Nana Caymmi, a música brasileira se despede de uma artista que soube como poucos cantar a dor, o amor e o tempo — com voz e alma.









