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Médico é preso acusado de feminicídio: investigações apontam uso de sedativos em assassinato da companheira

Suspeito teria usado sorvete para induzir vítima ao sono; investigação destaca medicamentos de uso restrito aplicados sem suporte necessário.

Atualizado em 30/10/2024 às 12:10, por Redação RL em Foco.

Em uma trama chocante e trágica, a cidade de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, tornou-se palco de um possível caso de feminicídio envolvendo o uso de substâncias controladas. O médico André Lorscheitter Baptista, 45 anos, foi preso na última terça-feira (29) sob a suspeita de ter assassinado sua companheira, a enfermeira Patricia Rosa dos Santos, com medicamentos de uso restrito e exclusivo em ambiente hospitalar. A investigação conduzida pela Polícia Civil aponta que o médico teria utilizado Zolpidem, um sedativo forte, em um sorvete para induzir a vítima ao sono antes de ministrar outras substâncias, resultando em sua morte.

Desconfiança da família e indícios de manipulação da cena

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A morte de Patrícia Rosa dos Santos, registrada no dia 22 de outubro, levantou suspeitas na família desde o início. No mesmo dia, por volta das 8h, André telefonou para os familiares de Patrícia informando o falecimento dela, alegando que a causa teria sido um infarto agudo no miocárdio. Segundo a polícia, ele apresentou um atestado médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas os familiares desconfiaram da versão, dada a saúde aparentemente estável da enfermeira.

Patrícia Rosa dos Santos — Foto: Reprodução redes sociais — Edição: Tyago Fontenelle/RL em Foco.

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Ainda segundo o delegado Arthur Hermes Reguse, a perícia encontrou evidências que indicam uma possível manipulação da cena do crime. "Os indícios encontrados no local não eram compatíveis com a versão fornecida pelo suspeito. O corpo de Patrícia foi deslocado, o que nos fez levantar ainda mais questões sobre a veracidade das alegações de infarto", afirmou o delegado. Peritos ainda encontraram sangue da vítima em um acesso venoso e nas medicações, além de uma gaze com DNA da enfermeira.

A utilização de Zolpidem e a restrição no uso de medicamentos controlados

A investigação trouxe à tona o papel do Zolpidem, substância hipnótica de venda controlada e indicada para tratamentos breves de insônia, mas cuja ação rápida induz o sono em aproximadamente 30 minutos. Em agosto deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apertou o controle sobre a distribuição do Zolpidem, que passou a exigir prescrição médica do tipo azul, com restrições rigorosas de uso. Essa substância, segundo a polícia, foi administrada pela primeira vez no sorvete que André ofereceu a Patrícia, provocando sonolência para, em seguida, permitir a aplicação dos medicamentos de uso hospitalar.

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Conforme destacado pela polícia, os medicamentos injetados na vítima demandariam uma assistência ventilatória imediata, como intubação, por conta de seus efeitos colaterais severos. Sem essa assistência, a probabilidade de óbito se eleva significativamente. "Esses medicamentos são extremamente controlados e não podem ser utilizados fora de um ambiente médico preparado, levantando questões importantes sobre as intenções do suspeito", pontuou o delegado Reguse.

Suspeita de feminicídio e os próximos passos da investigação

Diante das evidências de manipulação e do histórico de relacionamento do casal, a Polícia Civil trata o caso como feminicídio — crime que se caracteriza pela morte de uma mulher em contexto de violência doméstica, familiar ou discriminação de gênero. A defesa de André Lorscheitter Baptista, no entanto, alegou que só irá se manifestar oficialmente após a análise detalhada do inquérito.

Até o momento, o acusado permaneceu em silêncio durante seu depoimento. Paralelamente, os investigadores continuam a buscar provas adicionais para consolidar a acusação de feminicídio.