Dois pescadores passaram por momentos de tensão na manhã do último domingo (13), em Saquarema, na Região dos Lagos, após a embarcação em que estavam virar ao tentar acessar o Canal de Barra Franca. O acidente, que não deixou feridos graves, reacendeu as críticas à situação de abandono da área, onde uma obra de desassoreamento segue paralisada por questões judiciais.

De acordo com o relato de Rômulo, proprietário do barco, a embarcação foi surpreendida por uma onda ao tentar entrar no canal em um trecho estreito, ladeado por pedras. "O espaço é muito limitado. Quando tentamos passar, a onda bateu e virou o barco", contou o pescador.

Apesar do susto, os dois ocupantes foram resgatados com ferimentos leves por equipes do Corpo de Bombeiros e do Salvamar. A embarcação afundou e os pescadores agora tentam recuperá-la.

O acidente evidencia a insegurança enfrentada por pescadores que utilizam diariamente a entrada do Canal de Barra Franca. Com o passar dos anos, o assoreamento da região e a falta de manutenção em estruturas de proteção, como o molhe de pedras, tornaram a travessia cada vez mais arriscada.

Projetado para facilitar a entrada e saída de embarcações e conter a força do mar, o molhe nunca foi concluído. Com as constantes ressacas, parte das pedras foi arrastada para dentro da lagoa, reduzindo ainda mais o espaço de passagem e aumentando o risco de acidentes — como o ocorrido no domingo.

Em 2023, foi anunciada uma nova intervenção com o objetivo de desassorear a entrada do canal. Máquinas e um canteiro de obras chegaram a ser instalados no local, mas os trabalhos sequer foram iniciados.

Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a paralisação foi determinada após uma solicitação do Ministério Público Federal (MPF), que pediu esclarecimentos sobre o processo de licenciamento e o planejamento técnico da obra. Em nota divulgada no dia 20 de março, o MPF informou que ainda aguarda a análise de um parecer técnico elaborado após reunião realizada no mês anterior. O órgão prometeu divulgar uma nota pública com atualizações assim que o processo for concluído.

Enquanto isso, pescadores e moradores seguem à mercê da insegurança e do descaso. A cada novo acidente, cresce a cobrança por medidas urgentes que garantam a navegabilidade e a segurança da região, considerada estratégica para a economia pesqueira local.