Na noite da última sexta-feira (19), um casal de pessoas brancas foi filmado imitando gestos de macacos durante a roda de samba Pé de Teresa, na Praça Tiradentes, região central do Rio de Janeiro. O ato, que ocorreu diante de cerca de 60 pessoas, gerou uma onda de indignação e está sendo investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
A jornalista Jackeline Oliveira, que estava presente no evento, foi a responsável por registrar a cena e compartilhar o vídeo nas redes sociais. Em parceria com a produção do evento e a presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal, Monica Cunha, Jackeline levou o caso à Decradi, onde foi registrada a ocorrência.
Em nota oficial, a Decradi confirmou que o caso está sendo investigado e que "testemunhas estão sendo ouvidas e diligências estão em andamento para identificar e intimar os autores para prestarem esclarecimentos na delegacia". Segundo informações preliminares, a mulher envolvida é de nacionalidade argentina e o homem é brasileiro, residente no Rio de Janeiro.
Jackeline Oliveira expressou profunda indignação ao presenciar a cena. "Eles estavam fazendo gestos para diminuir as pessoas pretas de modo geral. Eram atos discriminatórios", afirmou em entrevista à Agência Brasil. Ela destacou que o comportamento do casal não pode ser considerado uma brincadeira ou dança, mas sim um ato claro de discriminação racial.
A jornalista relatou ainda o constrangimento e a vergonha que sentiu, juntamente com os demais presentes. "Quando o racismo nos atravessa enquanto corpo preto, ainda mais quando ele não é direto, a gente fica quase inerte", desabafou. A decisão de gravar a cena foi motivada pela necessidade de ter provas do ocorrido. "Isso não pode ser só uma postagem. Tem que virar denúncia. Esses caras têm que pagar pelo que fizeram", defendeu Jackeline.
A produção do evento também se manifestou nas redes sociais, classificando o ato como "inaceitável". O vídeo rapidamente ganhou repercussão e reforçou a importância de combater atos de racismo e discriminação em todos os espaços.
O caso continua em investigação, e a sociedade aguarda que as medidas cabíveis sejam tomadas para que episódios como esse não se repitam.