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37ª DP desarticula na Ilha do Governador call center do crime que explorava idosos

Operação de coordenada pelo delegado Felipe Santoro, resultou em 10 prisões por fraudes financeiras contra aposentados; especialistas alertam sobre crescimento de golpes digitais e a necessidade de políticas de prevenção.

Atualizado em 13/06/2025 às 08:06, por Redação RL em Foco.

Na manhã de ontem (12), a 37ª Delegacia de Polícia da Ilha do Governador, sob o comando do delegado Felipe Santoro, prendeu em flagrante dez pessoas por associação criminosa (art. 288 do CP) e estelionato tentado (art. 171 c/c art. 14, II, do CP). O grupo mantinha um escritório no bairro Praia da Bandeira, onde praticava fraudes contra idosos, pensionistas e aposentados em todo o Brasil.

A quadrilha operava como um "call center do crime", realizando chamadas telefônicas com agentes bancários fictícios que ofereciam "empréstimos consignados" ou "migração de dívidas" com juros extorsivos. Contratos eram firmados sem autorização, por meio de posse indevida de documentos pessoais. No local, a polícia apreendeu scripts detalhados e planilhas com dados de vítimas — uma delas já havia registrado prejuízo de R$ 41.512,80 .

Segundo Santoro, Jaqueline dos Santos era a líder, com Luiz Carlos Guedes Nascimento Junior abaixo na hierarquia. Os demais integrantes atuavam como captadores de vítimas. Vários tinham antecedentes por crimes semelhantes, inclusive de uma operação realizada em 2023 pela Delegacia do Idoso na mesma região .

"Essa dinâmica de engenharia social, com utilização de dados cruzados e adaptação do golpe ao vínculo bancário da vítima, demonstra o alto grau de sofisticação e o pleno conhecimento da atividade criminosa por todos os envolvidos", ressalta Santoro.

Embora sem violência física, as fraudes causam danos profundos: muitos idosos perdem sequer o que precisam para alimentação ou medicação, colocando suas vidas em risco.

Panorama nacional

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que quase 8.000 tentativas de golpes digitais ocorrem por hora no país. Apesar da percepção de que apenas os idosos são alvos, levantamento do DataSenado aponta que 16% das vítimas de golpes online têm mais de 60 anos, enquanto a faixa de 16 a 29 anos concentra 27% dos casos . Já o Cetic (Unesco) informa que 88% dos brasileiros acima de 60 anos acessam a internet quase diariamente, o que legitima a preocupação quanto à exposição digital .

O golpe aplicado pela quadrilha investigada está enquadrado no estelionato por telefone, semelhante aos relatos coletados pelo Senado, onde os criminosos criam centrais fictícias, captam dados por redes sociais ou mesmo invadem bancos de dados .

Em 2024 e 2025, outras operações policiais apontaram atuação recorrente desse tipo de crime no Rio de Janeiro. Um dos casos envolvia o "golpe da falsa ajuda" em caixas eletrônicos, executado também pela 37ª DP, com prisões na região da Ilha do Governador .

No Paraná, a Polícia Civil desarticulou organização semelhante que aplicava fraudes contra idosos por meio de empréstimos falsos, com mais de 100 vítimas e bloqueio de contas bancárias, indicando ação estrutural e predatória no país .

Entrevista com especialista

Para contextualizar, o especialista Longinus Timochenco, da área de segurança da informação, afirmou em abril de 2024:

"A família deve incentivar a educação digital dos idosos para que saibam se proteger desse tipo de crime".

Além disso, o senador Marcos Ruben de Oliveira, coordenador do DataSenado, alertou:

"Os idosos são vítimas de estelionato — com centrais bancárias fictícias e captura de dados — mas não são os únicos expostos".

Políticas e prevenção

Como contramedida, o Senado criou a Frente Parlamentar de Apoio à Cibersegurança, presidida por Espiridião Amin (PP–SC), com foco em conscientização e medidas de prevenção . Projetos de lei (PL 1049/2022, PL?879/2022, PL?3085/2024, PL?4450/2024) propõem endurecimento das penas e exigência de denúncia para números suspeitos .

Para se proteger, especialistas recomendam:

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  • Senhas fortes e exclusivas + verificação em dois fatores.
  • Evitar redes Wi-Fi públicas.
  • Cuidado redobrado ao atender ligações de supostos bancos.
  • Contatar a instituição financeira de forma independente, se houver suspeita.
  • Registrar ocorrência imediatamente; quanto mais rápido, maior chance de reversão da fraude .

Encaminhamentos da investigação

Com base nas provas coletadas — scripts, planilhas e documentos —, o delegado Santoro confirmou as prisões preventivas dos envolvidos para garantir ordem pública e continuidade das investigações, incluindo pessoas residentes em outros estados, o que reforça a abrangência do esquema.

A Polícia Civil recomenda que quem receber ligações suspeitas — especialmente com pedidos de dados — acione prontamente a delegacia mais próxima. Atos também podem ser comunicados ao Disque 100 ou ao banco para rápida suspensão das transações.