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Tentativa de Golpe

Justiça Militar envia ao STF investigação sobre coronéis envolvidos em suposta carta golpista

Decisão reafirma competência do Supremo Tribunal Federal para julgar crimes relacionados a tentativas de golpe após as eleições de 2022, ampliando as investigações já em curso no STF


Supremo Tribunal Federal será responsável pela análise do caso envolvendo coronéis investigados por suposta participação em atos golpistas ? Foto: Divulgação/Exército

A Justiça Militar declinou a competência para julgar a investigação sobre quatro coronéis do Exército Brasileiro suspeitos de elaborar uma carta que, segundo as apurações, visava pressionar o comando militar a aderir a um golpe de Estado após a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. O caso agora será analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), onde já tramita o inquérito sobre a tentativa de golpe, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

A decisão foi tomada pela 2ª Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM), que também encaminhou o pedido do Ministério Público Militar para a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos envolvidos. O envio do caso ao STF reforça a gravidade das acusações, que ultrapassam o âmbito militar e envolvem possíveis crimes comuns previstos no Código Penal Brasileiro.

A carta e os investigados

O documento em questão, intitulado "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro", teria sido elaborado para pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, a apoiar ações antidemocráticas. Foram identificados como suspeitos:

O inquérito militar, conduzido pelo Exército, indiciou três dos coronéis por dois crimes previstos no Código Penal Militar: publicar sem licença um documento oficial ou criticar publicamente um superior (pena de 2 meses a 1 ano de prisão) e incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar (pena de 2 a 4 anos de prisão).

No entanto, a investigação militar foi suspensa em relação ao coronel Bitencourt devido a uma liminar, embora ele tenha sido indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito sobre o golpe, que tramita no STF.

Conexões com o inquérito do golpe

Além das apurações no âmbito militar, o STF já analisa os indiciamentos feitos pela PF contra os coronéis, envolvendo crimes mais graves, como:

Segundo a PF, os investigados participaram de reuniões e trocas de mensagens sobre a minuta da carta, incluindo estratégias para coletar assinaturas e formas de divulgação que evitassem suspeitas de ação coordenada.

Gravações reveladoras e desdobramentos

Conversas transcritas pela PF apontam que o tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior, indiciado no caso, manifestou preocupação com a possibilidade de a investigação ser anexada a inquéritos no STF. Em uma mensagem de áudio, ele expressou receio sobre o envolvimento do ministro Alexandre de Moraes, conhecido por conduzir investigações sobre atos antidemocráticos.

Araújo Júnior afirmou preferir que o caso permanecesse na Justiça Militar, acreditando que seria tratado de maneira mais branda. Sua defesa, no entanto, nega envolvimento em reuniões ou atos relacionados à confecção da carta.

Repercussão e próximas etapas

Com a remessa do caso ao STF, espera-se a ampliação das investigações para apurar responsabilidades e possíveis conexões entre os militares e outros movimentos antidemocráticos registrados em 2022. A decisão também reafirma o papel do Supremo como instância central para julgar crimes que ameaçam a ordem democrática.

Os advogados dos coronéis negam as acusações, alegando falta de provas concretas. Já o Ministério Público e a PF seguem aprofundando as apurações, que permanecem sob sigilo.


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