A demissão do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, às vésperas do 7 de Setembro, gerou uma grave crise no governo federal e ofuscou a tradicional celebração da independência. O ministro foi exonerado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após acusações de assédio sexual, reveladas pela coluna de Guilherme Amado, no portal Metrópoles.
Silvio Almeida foi alvo de denúncias que, segundo a reportagem, envolvem inclusive a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Além disso, a organização Me Too Brasil, que acolhe vítimas de violência sexual, confirmou ter sido procurada por mulheres que relataram episódios de assédio envolvendo o ex-ministro. Almeida negou categoricamente as acusações, chamando-as de "mentiras" e destacando sua dedicação à luta pelos direitos humanos.
Com a revelação das denúncias, a Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República anunciou a abertura de um procedimento preliminar para investigar as alegações. Paralelamente, a Polícia Federal instaurou um protocolo de investigação de ofício, reforçando a seriedade das acusações contra o agora ex-ministro.
Em nota oficial, o Planalto confirmou a decisão de Lula em afastar Silvio Almeida após uma reunião realizada na sexta-feira, 6 de setembro. O comunicado do governo destacou a gravidade das acusações e o compromisso do presidente com a integridade do Ministério dos Direitos Humanos. "O presidente considera insustentável a permanência do ministro no cargo, dado o teor das denúncias de assédio sexual", informou a nota.
Ainda no documento, o governo reiterou seu compromisso com a defesa dos direitos das mulheres e enfatizou que "nenhuma forma de violência contra as mulheres será tolerada".
A demissão de Almeida acontece em um momento delicado para o governo, com a aproximação do desfile cívico-militar de 7 de Setembro, tradicional evento na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O evento, que costuma reunir autoridades dos Três Poderes, será o primeiro momento público em que o presidente Lula aparecerá ao lado de seus ministros após a saída do ex-titular dos Direitos Humanos.
Embora o Planalto tenha anunciado que o desfile deste ano terá como foco a promoção da vacinação e a reconstrução do Rio Grande do Sul após a tragédia climática, a atenção agora está voltada para as repercussões da crise política gerada pela saída de Silvio Almeida.
A expectativa é de que mais de 8 mil pessoas, incluindo militares, estudantes e atletas, participem do evento. A Esplanada já está preparada com tendas, arquibancadas e telões para acomodar o público, mas o clima de incerteza e tensão deve predominar durante as celebrações.