A Procuradoria-Geral da Venezuela emitiu nesta segunda-feira (2/9) um pedido formal de prisão contra Edmundo González, principal adversário do presidente Nicolás Maduro nas últimas eleições presidenciais. González, que alega ter vencido o pleito de acordo com a oposição, agora enfrenta uma ordem de prisão em meio a acusações de usurpação de funções, incitação a atividades ilegais e falsificação de documentos oficiais.
Segundo a Procuradoria, o pedido de prisão foi motivado pelo fato de González ter ignorado três intimações para prestar depoimento sobre as investigações em curso. As autoridades alegam que ele não compareceu aos chamados judiciais, mesmo após ser alertado sobre a possibilidade de detenção. O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela também convocou González e outros candidatos para reconhecerem oficialmente a legalidade dos resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), embora esse resultado seja amplamente contestado pela oposição.
A contagem de votos conduzida pelo CNE tem sido alvo de críticas por parte dos opositores, que questionam a transparência do processo eleitoral, especialmente devido à ausência das atas eleitorais, documentos que permitiriam uma verificação independente dos resultados. Em resposta, a Justiça venezuelana impôs sigilo sobre esses documentos, intensificando as tensões políticas no país.
González já havia expressado, em redes sociais, seu receio de ser preso, alegando que estava sendo "pré-acusado de crimes que não cometeu". María Corina Machado, sua principal apoiadora, afirmou que o oposicionista não iria comparecer às convocações para depoimento, uma decisão que parece ter precipitado o pedido de prisão.
Durante a campanha eleitoral, Maduro já havia insinuado a possibilidade de sanções contra González e outros membros da oposição que não cumprissem as intimações judiciais. Em um discurso proferido no início de agosto, o presidente venezuelano declarou que a ausência repetida em convocações judiciais deveria resultar em prisão, sublinhando que "um cidadão que respeita a democracia e as leis não pode se recusar a uma convocação judicial."
Desde a proclamação de Maduro como vencedor das eleições, a Venezuela tem enfrentado uma onda de protestos, muitas vezes reprimidos com violência pelas forças de segurança. O pedido de prisão de González marca mais um capítulo na crise política que tem dividido o país, com opositores denunciando a perseguição política e a falta de transparência no processo eleitoral.