O presidente argentino Javier Milei se depara com um início de tumulto contra seu governo, orquestrado por movimentos de esquerda e sindicatos. Eles expressam sua oposição às políticas de austeridade recentemente implementadas por Milei, como cortes nos subsídios de energia e transporte, bem como a interrupção de obras públicas.
Em resposta ao planejado protesto, o governo tenta conter o movimento com um decreto que proíbe bloqueios viários, ameaçando suspender benefícios sociais dos manifestantes. A manifestação tem início às 10h, com uma marcha planejada em direção à Praça de Maio às 16h.
Diversos grupos, segundo o jornal "La Nación", estão envolvidos na organização do protesto, com diferentes afinidades políticas, alguns ligados ao kirchnerismo, enquanto outros, como o Polo Trabalhador, têm posições independentes.
Na Argentina, esses grupos têm uma forte capacidade de mobilização, atuando como intermediários na distribuição de benefícios governamentais, semelhante à cooperação entre sindicatos rurais e o INSS no Brasil.
Milei busca realizar uma auditoria nessas organizações, visando limitar sua influência na mobilização. Durante sua campanha, seu slogan era "el que corta no cobra" ("quem corta não recebe"), sugerindo que os que bloqueiam ruas não terão acesso a benefícios sociais.
O governo estabeleceu uma linha telefônica para beneficiários de programas sociais relatarem coações para participar do protesto. Até terça-feira, foram recebidas 4.310 denúncias. A posição oficial é que apenas os que obstruírem o trânsito ou agirem com violência perderão os benefícios.
A ministra de Capital Humano, Sandra Pettovello, afirma que "os únicos que perderão benefícios são os que participarem do bloqueio das ruas. O presidente deixou claro: 'quem bloqueia não recebe'".
O governo planeja utilizar câmeras e drones para identificar os manifestantes que obstruírem as vias. Uma pesquisa da Universidade de Buenos Aires mostra que 65% dos argentinos são a favor da proibição de bloqueios viários.
Adolfo Pérez Esquivel, laureado com o Nobel da Paz em 1980, assinou um pedido de habeas corpus coletivo para proteger a integridade física dos manifestantes, afirmando que as medidas do governo são ameaças ilegais que violam direitos fundamentais.