Mourão minimiza plano de golpe e afirma que "escrever bobagem" não configura crime

Senador argumenta que não houve movimentação militar significativa para sustentar tentativa golpista

Por RL em Foco em 22/11/2024 às 00:45:38
Imagens da internet

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O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República, classificou como "sem pé nem cabeça" o plano de golpe de Estado investigado pela Polícia Federal (PF) após as eleições de 2022. Em declaração dada nesta sexta-feira (22) durante o podcast Bom Dia, Mourão, o general da reserva afirmou não ver crime em "escrever bobagem" e destacou a ausência de apoio efetivo das Forças Armadas como argumento contra a plausibilidade do plano.

A fala de Mourão ocorre um dia após a PF indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas, incluindo 25 militares, sob a acusação de participarem de uma conspiração golpista. Entre os investigados, há oficiais da ativa e da reserva, além de nomes de destaque, como um general do Exército e um almirante da Marinha.

Durante o podcast, Mourão argumentou que as ações descritas no inquérito carecem de lógica e viabilidade. "Nós temos um grupo de militares pequeno, a maioria da reserva, que, em tese, montaram um plano sem pé nem cabeça. Não consigo nem imaginar isso como uma tentativa de golpe", declarou o senador.

Para Mourão, qualquer tentativa concreta de golpe exigiria o apoio de uma parcela significativa das Forças Armadas, algo que, segundo ele, não ocorreu. "Não houve nenhum deslocamento de tropa, e essas pessoas não tinham comando militar efetivo", afirmou.

O senador também questionou a criminalização das intenções registradas no plano investigado. "Escrever bobagem é crime? Vou deixar isso para os juristas discutirem. Eu vejo crime quando há uma ação concreta, e não quando alguém escreve algo absurdo em um papel", disse.

Ele também destacou como "surreal" o suposto plano de assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). "Um plano onde armas seriam usadas, mas o envenenamento era a estratégia para eliminar os eleitos. Um troço absurdo", ironizou.

A Polícia Federal considera o plano parte de uma trama mais ampla, envolvendo militares e civis, que pretendiam desestabilizar o processo democrático no país. Apesar da minimização feita por Mourão, o inquérito aponta evidências que sustentam as acusações, incluindo mensagens, reuniões e documentos apreendidos.

O caso continua a gerar debate no meio político e jurídico, dividindo opiniões sobre a gravidade das ações investigadas e as implicações para os envolvidos. Para especialistas, a investigação sinaliza um esforço do Judiciário em garantir a integridade democrática e responsabilizar possíveis infratores.

Enquanto isso, Mourão mantém seu tom crítico, sugerindo que o episódio reflete mais "fantasia" do que uma ameaça real. Contudo, o desenrolar das investigações será crucial para determinar o impacto político e legal dessas acusações.

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